quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Denúncia

Que está cheio de pai e mãe por aí que deveria fazer melhor uso deste produto mostrado no meu outro blog, isso todo mundo já sabe. Mas tem gente que deveria ser esterilizada de vez. Ter o útero arrancado, ser vasectomizado aos 15 anos. Por exemplo, os pais desse garotinho aqui:Bonitinho, não? Mas vocês leram a legenda? Sim, ele se chama Adolph Hitler e virou notícia porque uma confeitaria se recusou a escrever "Happy Birthday Adolph Hitler" no seu bolo de aniversário. Podia ser pior? Claro, a irmãzinha dele se chama Aryan Nation. Obviamente isso já seria motivo suficiente para mandar o brilhante casal que batizou essas duas crianças para um campo de concentração de pais sem noção, mas outras questões importantes foram levantadas pelos leitores do site de onde tirei a notícia:
a) Que tipo de gente escreve o nome inteiro da criança num bolo, afinal? Tipo "Felicidades, João da Silva"?
b) O coitadinho tem três anos e usa mullets. Se isso não é abuso infantil, eu não sei mais o que é.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tia Paula vai à dinâmica

Todo mundo que já procurou emprego alguma vez nessa vida deve ter passado pela famigerada "dinâmica de grupo". As dinâmicas podem variar de acordo com o cargo, mas acho que numa coisa todas se parecem: são um pé no saco. Isso quando não fazem o indivíduo se sentir com cinco anos de idade.
E aí Tia Paula hoje foi a um destes maravilhosos eventos da vida corporativa. O cargo: professora de inglês para crianças em uma escola famosa especializada em petizes.
Havia cerca de trinta pessoas, das quais só três homens (oi, professor de criança é profissão de vi-a-do - sem preconceitos, beijos). Entre os três caras tinha um chamado Raoni - uma bichinha que teve a cara de pau de dizer que Raoni significa tigre em Tupi (alguém me explica como os índios deram nome para um bicho que eles não conheciam? É como a pessoa dizer que se chama Estramolofifa e que isso significa "sol escaldante" em língua esquimó). E, sim, todo mundo riu do mocinho delicado dizendo que seu nome significa "tigre". Foi um tanto constrangedor.
Nos avaliando, três moças sorridentes, coordenadoras de filiais diferentes. A tarefa era criar um cartaz com desenhos e colagens que nos representassem. Para isso tínhamos 20 minutos. Em seguida, todo mundo tinha que explicar sua "obra de arte."
Primeiro: eu sou uma pessoa caótica. Vinte minutos para me representar numa colagem? Sério? E me estapear com outras 29 pessoas por um estojo de canetinhas definitivamente não estava nos meus planos nesta manhã. Enfim, fiz, aos trancos e barrancos, algo que quase poderia ser considerado compreensível. Mas foi na hora da explicação que eu achei que não sobreviveria.
As apresentações foram em ordem alfabética. Considerando que meu nome começa com P e não havia nenhuma Priscila, Tatiana, Vanessa ou Wilma no recinto, sim, eu fui a última a apresentar. Passei quase uma hora ouvindo gente mostrando cartazinhos e dizendo que "adora música, bichos, crianças, literatura e odeia falsidade." Vinte e nove vezes. Eu contei. Cada um que se levantava era um pedaço da minha paciência que se esvaía. Minha única preocupação era que ela acabasse antes de chegar a minha vez.
As coordenadoras prestavam a maior atenção e anotavam tudo. Não que fosse alguma novidade. Elas esperavam o que, por acaso?
"Meu nome é Mariazinha, tenho 25 anos, gosto de vodca, cigarro e sexo sem compromisso. Odeio acordar cedo. Sou depressiva, bipolar e tenho dificuldades de relacionamento. Também não gosto muito de crianças não, só estou aqui porque tenho uma dívida de jogo imensa e preciso pagá-la antes que meu corpo amanheça boiando no Tietê"

Sinceridade é o futuro do mercado de trabalho.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

As vezes vale a pena

Momento ternura:
A petiz me entrega um bilhetinho depois da prova. No dito cujo, um acróstico. Já sabem, né? Acróstico é aquele treco que tia velha e criança adora, que é fazer poeminhas começando cada verso com as letras de uma palavra. O meu era:

P erfeita
A legre
U ltra legal
L inda
A miga

Olha, gente, quando você tem nove anos fazer um acróstico com U deve dar um certo trabalho. Achei fofo.

Momento humor:
Dois pequenos discutindo. Um vira para o outro e diz:
"Você se acha a última bolacha do pacote, né? A última bolacha do pacote tá sempre esfarelada!!"

De vez em quando acontecem umas coisas e eu quase acho que vale a pena.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Roupa suja se lava no blog

Desculpem a insistência no assunto, mas repito a analogia - é como fim de namoro. Tem que falar para exorcizar.
O que foi alegado no momento da minha demissão:
- Os alunos e os pais vinham reclamando de mim.
Admito, eu andava um cu, pelos motivos citados no post abaixo. Mas se a as relamações eram tantas a ponto de motivar minha demissão, como é que eu só fui informada delas ali naquela hora, quando o alçapão da forca já tinha sido puxado e eu não podia fazer mais nada? Como é que não foi me dada a chance de tentar mudar minha atitude?

- Eu tinha dito uma coisa (que ela não lembrava qual era) que a tinha deixado chocada (a coordenadora) e a fez questionar minha capacidade de professora.
Ok. Você não lembra. Então obviamente deve ter sido algo muito relevante. Fora isso, você é minha chefe. Se eu disse algo que a chocou por que você não me confrontou naquela hora e me fez ver que era um absurdo? Você tem todo direito de fazer isso, mas como você não se lembra do que era eu posso simplesmente argumentar que era um idiotice e que você está procurando motivos para justificar meu enforcamento ordenado pelo chefão-mor.

- Eu não estava fazendo as provas de acordo com as diretrizes do colégio.
Eu estava. E ao pedir para que ela pegasse as provas para ver, ela não quis. Não quis porque as dela e as de outros professores queridinhos é que não são feitas de acordo com as diretrizes.

Definitivamente não dá. Não dá para levar a sério um colégio que dá ouvidos a reclamação de aluno de colegial noturno, que é um bando de semi alfabetizados que passa a aula inteira de costas para o professor jogando bolinha de papel. E não é só comigo. Com todo mundo.
Não dá para levar a sério um colégio no qual todo mundo passa de ano, no qual a coordenadora tem medo dos pais dos alunos e no qual a oitava série pode fazer o que quiser (inclusive rasgar material de colegas) e sair impune.
Não dá pra levar a sério um colégio no qual a moça da editoração apita mais que os coordenadores (não é preconceito, mas cada um no seu quadrado, né?)
Não dá pra levar a sério um colégio no qual professores absolutamente irresponsáveis continuam trabalhando porque são amigos do chefão.

Eu sei que este post parece mágoa de caboclo pela demissão, mas garanto que não é. É só algo que eu via desde que comecei a trabalhar lá mas por questões éticas não colocava aqui (porque sei que alguns professores de lá lêem o blog). Agora que me mandaram embora, que se danem. Tô lavando roupa suja aqui mesmo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Fui mandada embora de um dos meus três trabalhos. Foi péssimo porque não existe essa coisa de "vamos mandar a pessoa embora mas que ela não saia daqui se sentindo uma loser completa." Eu me senti uma loser completa. Principalmente porque o discurso ficou parecido com aqueles de namorado que você não agüenta mais - você começa a desenterrar picuinhas de mil novencentos e trilili e procurar motivos para dar um fim naquilo quando na verdade só há um motivo: já deu.
Já tinha dado desde o meio do ano. Eu não me dava bem com vários alunos. Eu estava de saco cheio da falta de profissionalismo de certas pessoas e de viajar muitos quilômetros e de ter que dormir fora da minha casa uma vez por semana. Eu não dormia mais direito de domingo para segunda (dia das minhas aulas lá). E eu ganhava mal para agüentar tanta encheção. Isso, obviamente, se refletiu no meu trabalho. Que esse ano, admito, foi feito nas coxas.
Ser demitida e ter que ouvir que é porque eu sou uma merda de professora doeu. Mas naquele contexto era verdade e eu não serei hipócrita de colocar a culpa nos outros. O jeito é tocar pra frente e esperar ter aprendido alguma coisa com isso. No fundo, foi como levar um pé na bunda de um namorado ruim - na hora dói, mas logo a gente percebe que foi melhor assim.

A boa notícia é que o blog voltará a ser público já que eu não trabalho mais lá! Eba!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Genialidade

Em dez anos de magistério eu achei que já tinha tido provas suficientes de que essa história de que não existe gente burra é balela. Entretanto, de vez em quando acontece alguma coisa para renovar a minha total falta de fé na humanidade.
A prova de redação continha um texto sobre o selo procel. Quando foi instituído, para que serve, que tipo de aparelho o recebe e blá blá blá. A proposta pedia que o aluno elaborasse um texto DISSERTATIVO sobre responsabilidade social voltada para a preservação do meio ambiente incluindo aí economia de energia elétrica.
Mas propostas são para losers. Pessoas verdadeiramente criativas fazem suas próprias propostas. E eis que a futura cadeira da ABL "produz" o seguinte texto:

"O SELO PROCEL DE ECONOMIA DE ENERGIA ou simplesmente Selo Procel, foi instituído por Decreto Presidencial em 8 de dezembro de 1993. É um produto desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica - Procel, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – MME, com sua Secretaria-Executiva mantida pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A – Eletrobrás.
O Selo Procel tem por objetivo orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, proporcionando assim economia na sua conta de energia elétrica. Também estimula a fabricação e a comercialização de produtos mais eficientes, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e a preservação do meio ambiente.

No processo de concessão do Selo Procel, a Eletrobrás conta com a parceria do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro, executor do Programa Brasileiro de Etiquetagem-PBE, cujo principal produto é a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia –ENCE, sendo também a Eletrobrás, parceira do Inmetro no desenvolvimento do PBE. Normalmente, os produtos contemplados com o Selo Procel são caracterizados pela faixa “A” da ENCE."

(Caso alguém não tenha percebido, isso É o texto de apoio. A gênio copiou).

E conclui assim: "Eu acho que o selo procel é muito bom porque ajuda as pessoas a economizar energia."

É com pesar que informo que esta pessoa encontra-se atualmente matriculada na oitava série de um colégio particular. E vai passar de ano.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Novembrite

A novembrite é uma doença de causas ainda desconhecidas que ataca principalmente crianças e adolescentes em idade escolar. Uma vez que professores também têm apresentado sintomas semelhantes, os pesquisadores investigam se a doença não seria transmitida por vias respiratórias, portanto facilmente propagável em ambientes cheios e fechados como salas de aula. Recebeu este nome devido à sua incidência nos últimos meses o calendário escolar, sendo notada já a partir da segunda metade de outubro e se espalhando rapidamente, a ponto de deixar poucos ilesos após o feriado de 15 de novembro.

Os sintomas da novembrite variam de acordo com a idade dos afetados. Em crianças e adolescentes ela caracteriza-se por falta de concentração, sono incontrolável, desleixo material e pessoal - falta de livros, lápis e as vezes banhos. Verifica-se também um aumento sensível na frequência de palavrões e brigas em sala de aula, fato que colabora para o agravamento dos sintomas observados em adultos. Estes são: apatia, tremedeira, irritação constante, queda de cabelo, falta de apetite e de voz.

Embora pesquisas venham sendo feitas nesse sentido, ainda não há cura para a novembrite. Felizmente não há registros de mortes causadas pela doença (o caso do professor atingido por uma cadeira durante uma explicação sobre as leis de Newton ainda está sob investigação). Além disso, a novembrite é claramente sazonal e parece desaparecer assim que são concluídas as últimas recuperações, o que costuma acontecer antes da metade de dezembro.

Aparentemente a única maneira de evitar a novembrite é manter distância de escolas, matinês, shopping centers ou qualquer outro lugar onde se aglomerem adolescentes. Caso isso não seja possível, recomenda-se para os adultos o consumo de antidepressivos ou álcool em quantidade moderada para fins de relaxamento. Quanto aos alunos, ainda não foram encontrados tratamentos mais eficientes que um bom puxão de orelha e um mês sem o playstation.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu tenho um aluno particular que, toda vez que precisa dizer a palavra "funny", acaba pronunciando "fanny". E não adianta eu corrigi-lo. Não adianta explicar para ele que "fanny" é a versão inglesa ligeiramente chula para aquela parte que só meninas têm. Para ele todas as festas e todos os finais de semana são "fanny".
E aí eu lembro que estou reaprendendo a dirigir e que por mais que o intrutor me lembre eu SEMPRE esqueço de soltar o freio de mão quando vou sair.

Cada um com seu talento, não?

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Filhotes de coruja

Dos muitos livros que eu li quando criança (oi, eu era nerd desde pequena), os três preferidos, de longe, eram Alice no país das maravilhas (ainda não superado como número um), Reinações de Narizinho e As fábulas de Esopo. Adoro fábulas até hoje, essa coisa de bichos falantes, da liçãozinha de moral tão óbvia no final. Me divirto horrores. E, lendo um comentário do tio Xavier, não pude deixar de lembrar da fábula da coruja e da águia.
O tio diz que para criar inimizade com uma mãe basta dizer que o filho dela tem um "problema", qualquer que seja. Filhos são perfeitos. E até eu, que não fui e nem pretendo ser agraciada com a "dádiva" da maternidade, aprendi isso a duras penas em reuniões de pais e recados trocados em agendas.
O menino obeso é apelidado de "Nhonho". A mãe, revoltada, escreve um bilhete exigindo providências. No lanche, continua mandando refrigerante a batata frita. A garota faz fofoca, ri dos colegas, mente. Acaba excluída pelos outros alunos. A mãe acha que a escola tem obrigação de forçar as crianças a se relacionar com ela. Podemos dizer "mãe, sua filha é uma cobrinha peçonhenta. Terá um futuro brilhante na área corporativa, mas no quesito 'fazer amizade' não vai rolar"? Não, não podemos.
Que cegueira misteriosa será essa que atinge as mães? Afetará todas, sem exceção? Terá cura? Não sei não, mas desconfio que basta uma mulher parir para se tornar uma completa idiota*.


*E incluo nessa categoria Dona Neide, que há quase trinta anos me acha a pessoa mais sensacional do planeta.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Pópópópó pópópópó

Estou sossegada ouvindo um Portishead e corrigindo alguns exercícios pra nota do ensino médio. No meio das folhas de fichário da Pucca e de caderno arrancadas, dou de cara com uma folha xerocada. Na minha inocência me pergunto por que raios a criatura teria feito os exercícios e xerocado depois, mas por via das dúvidas vou vasculhar a pilha dos corrigidos. Lá está, num lindo papel cor de rosa, o original, com o nome de outra aluna.
Isso, criançada. A gênia simplesmente tirou cópia dos exercícios da outra, com a letra da outra, tomando o cuidado, claro, de cobrir o nome e por cima colocar o seu. Xerox, gente! Se tivesse copiado em outra folha com a própria letra eu NUNCA ia saber, mas XEROX!
A cara de pau (ou a burrice) não tem limite. E a fé na cara de palhaça da professora menos ainda.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

No colégio 1 temos dois irmão, gêmeos, com problemas muito sérios de aprendizagem. Repetiram a quinta série ano passado e, aos catorze anos, iam repetir mais uma vez. Comunicada disso, a mãe decidiu tirá-los do colégio e colocá-los em uma escola pública. Lá, ficou sabendo que, pela idade deles, os meninos não poderiam frequentar o curso regular, tendo que fazer o supletivo noturno, coisa impensável visto que os dois não têm maturidade nenhuma. Aos catorze anos são crianças, colecionam figurinhas do Pokemon, ou seja precisam realmente de acompanhamento psicológico. Com isso, sabem o que a mãe fez? Simplesmente parou de mandar os filhos para a escola! Há dois meses eles não apareciam no colégio e tampouco foram transferidos para qualquer outro lugar. Ciente de que poderia ser responsabilizada por isso pela diretoria de ensino, a coordenação da escola procurou a mãe e fez com que os garotos voltassem.
Agora eles estão lá. Não fizeram provas, perderam dois meses de aula e obviamente não têm a menor condição de passar de ano. A mãe pode perder a guarda dos meninos (que são adotados) por ter negado a eles o direito de estudar e o colégio pode ser acusado de omissão. E estamos falando de gente que, ao menos ao que parece, financeiramente teria total condição de ajudar esses garotos.
Dá raiva. Vontade de bater na cara dessa mãe e perguntar: "Você é retardada? É idiota? Não percebe que tem alguma coisa errada com os seus filhos? Não entendeu ainda que a escola já fez tudo que podia por eles?"
Essa pelo menos pode mesmo ter a "licença de mãe" cassada. Mas aí a gente faz o que com quem não tem culpa nenhuma disso?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Todo mundo gosta de fofoca. Falar da vida dos outros é uma maneira de perceber que a vida da gente, no fundo, não é tão ruim. Mas se tem uma coisa que ainda me choca (oi, eu sou inocente) é aquela fofoca maldosa, gratuita, que tem como único objetivo tombar alguém.
Hoje, na sala dos professores, falava-se de uns cursos de reciclagem que a direção estava promovendo aos sábados para os funcionários. A professora de física comentou que tinha ido e achado bem fraco, que nos cursos de exatas eles tiveram que resolver exercícios bem idiotas mas que ainda assim alguns professores não tinham conseguido. Deu o sinal, ela saiu, as outras ficaram. E aí uma delas comentou: "É, as meninas do segundo andar (o Fundamental I) foram nesses cursos mas eu nem me interessei. Só sei que elas voltaram falando que tinha sido difícil...."

Agora eu pergunto: precisava? A própria que estava lá se absteve de apontar as burras da história. O que a outra, que nem sabia do que se tratava, tinha que fazer um comentário desse tipo? E ainda depois que a outra saiu, para poder falar a vontade sem ter quem confirmasse.

Gente assim tem que se foder muito na vida, viu...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Psicologia de c... é r...

O coordenador disciplinar entra na sala da sexta série para dar uma bronca generalizada por conta da bagunça. Ao fim da preleção, lindinha pede para ir ao banheiro. Ele olha o relógio e conclui: "Faltam dez minutos para o fim da aula. Você agüenta."
Assim que coordenador dá as costas lindinha levanta os dois dedos médios na direção dele. Na minha frente.

Algum psicólogo de plantão sugere aos pais outra solução que não envolva quebrar os dentes da lindinha?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Futura humorista

Moleque da quarta série mal humoradíssimo fazendo recuperação na sala da coordenadora. Bufa a cada cinco segundos, olha o horizonte, cutuca o nariz mas fazer a prova que é bom, necas. Auxiliar que acompanhava a cena aponta para ele e comenta, bem alto, na minha direção:
"Aí, ó, e ainda diz que vai para a quinta série..."
"Vou mesmo!" Retruca o malinha. Colega dele, que estava por ali pegando uns livros completa:
"Só se for em 2010, né, porque pra 2009 já não deu..."

Sei lá, mas sinto que a menina tem futuro no humor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Parabéns pra mim, oi!

Tia Paula analisa seus presentes de dia dos professores:
- Sabonetinhos da Natura. (Taí, mães, presentinho barato e que sempre agrada. Nada de anjinhos, velas e cachorros de biscuit, ok?)
- Trufinhas da Cacau Show. (Podiam ser da Kopenhagen, mas a crise, a bolsa, eu entendo...)
- Toalhinhas bordadas. (Sempre úteis e simpáticas)
- Pulseiras de miçangas coloridas confeccionadas pela própria petiz. (Ok, ok, valeu a intenção. Próximo.)
- Porta batom pink, daqueles com espelhinho dentro. (Oi, alguém com menos de 70 anos ainda usa isso?)
- Chaveiro de bonequinha de pano. (Fofinho, mas inadequado para alguém com mais de 10 anos.)
- E o gran finale: uma caneta - relógio - lanterna - mira laser. Quem acha que a mãe pegou escondido do escritório e enfiou num saquinho levanta a mão.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A meia noite levarei sua alma

Teve feira cultural no colégio de novo. Ao contrário do ano passado, dessa vez resolvi fazer a coisa o mais light possível, não me meti a fazer tudo sozinha e larguei as tarefas na mão dos alunos. Vejam bem, eu só pude fazer isso porque meu grupo era composto por uma molecada fofa, inteligente e pró ativa (ai, eu odeio essa palavra, mas serve bem no caso).
Nossa apresentação era sobre a história do cinema. Qual a maneira mais simples de fazer isso? Montamos uma salinha de projeção simulando uma sala de cinema mesmo, com pipoca, bilheteria e pôsteres. O filme em quastão seria um apanhado com cenas de filmes famosos organizada por um dos alunos, um garoto de 12 anos que discute Almodóvar comigo.
Eu moro a cerca de 150 km de distância da escola, e por isso apareço lá uma vez por semana e só. Uma semana antes pedi para ver o filme e ele me disse que ainda não estava pronto. Só consegui vê-lo na véspera da apresentação, e aí descobri que a obra prima começa assim:
Adblock

Depois ainda tinha O Exorcista com direito a Regan rodando a cabeça e tudo. Levando em consideração que estamos falando de uma feira cultural de escola, os coleguinhas podem imaginar a apreensão de tia Paula diante do pequeno arroubo artístico do meu aluninho querido. Eu já imaginava hordas de mães indignadas urrando com a direção sobre "a louca da professora de inglês que fica mostrando essas coisas para as crianças".
A poucas horas da apresentação, entretanto, não dava para fazer muita coisa. Passei assim mesmo. E nem foi tão ruim. Vovós acharam exótico, os pais acharam graça e as outras crianças lotaram minha sala para ver o famoso "Zé do Caixão". Foi divertido.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Vovó Zilda

No livro da quinta série tem o desenho de um walkman.


E eu me senti jurássica tendo que explicar para a molecada o que, afinal de contas, é um fita cassete.

Imperialistas feios, bobos, cabeça de melão

Prova do primeiro colegial. O texto, tirado da wikipedia e devidamente "adaptado" por mim (o que significa "colocado num inglês compatível com o de uma criança de seis anos") falava sobre os Astecas.

Pergunta: Quem foi o responsável pelo fim do império asteca?
Respostas: Os americanos.


Preguiça de ler tem limite, viu?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Coisas pequenas que irritam pra caramba

Um dos colégios onde dou aula tem duas turmas na primeira série e duas na terceira. Para não ter que me pagar três horas a mais, a direção decidiu que eu daria aulas para as duas turmas de cada série juntas. Olha que genial!
Só se for pro financeiro da escola. Juntas, as primeiras séries têm 38 alunos. 38 crianças de sete anos que falam e gritam sem parar, não ficam sentadas no lugar e algumas ainda mal sabem ler direito. Para completar, não há sala de aula para 38 petizes, o que me obriga a transportá-las para outro prédio, o da faculdade, onde as salas têm carteiras grandes demais para elas e infra-estrutura zero para uma aula de inglês. Com 50 minutos de aula por semana (dos quais 10 são perdidos entre transporte e tentar fazer a sala se acalmar), qual é a possibilidade de uma aula decente ser dada?
Com as terceiras séries acontece o mesmo. São duas turmas difíceis, indisciplinadas e com crianças com problemas de aprendizagem. Levando em conta que a aula de inglês deveria ser mais dinâmica que as outras, com joguinhos, música e tal, alguém aqui acha que com 40 crianças juntas dá certo? Acabo tendo que dar aquela aula tradicional, com cópia e bronca o tempo todo, coisa que acaba não funcionando. Duvido que aquelas crianças estejam aprendendo alguma coisa.
Acontece que eu já tinha me conformado com o fato de que aluno lá é só mais uma mensalidade, mas hoje descobri que a filha da dona do colégio, que dá aula de Arte, divide as turmas. Todas, até as que não são divididas normalmente, como a segunda e a quarta série. E só eu que me ferre dando uma aula de merda porque o colégio quer economizar 12 horas mensais. Apaputaquepariu, viu?

Obs.: Tem gente que vai dizer que quando era criança estudava em colégio particular e tinha 30 e poucos alunos na sala. Pois bem, leitores, os tempos são outros. O que nós temos agora não são crianças, são mini Katrinas. E quando se juntam, uma Nova Orleans é pouco pra eles.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Reunião de feedback da Feira cultural era pra ter acabado as três da tarde. Três e meia, sem almoço, alarme do "já deu" começa a apitar no meu cérebro. Três e quarenta, para alegria geral, a diretora fecha o notebook e diz que acabou. Professora de Arte levanta a mão e diz:
"Dona fulana, é que eu tenho uma proposta para a feira do ano que vem e queria que a senhora ouvisse..." Sugere reformular completamente a exposição. Diretora abre o notebook.

"Linchamento" é uma palavra que deve ter passado pela cabeça de muita gente no recinto.
Discussão sobre as vantagens do passado sobre o presente. Aluno da oitava série dá sua preciosa opinião:
"Teacher, no passado era melhor porque não tinha AIDS. Aí uma mulher na África transou com um macaco e ferrou tudo."

E cadê o professor de Biologia a uma hora dessas? Cadê?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O mito da professora mal comida

O mito da professora mal comida data da Grécia antiga, quando o primeiro aluno levou uma bronca da mestra debaixo de um pé de oliveira e cochichou com o colega do lado: “O marido dessa daí dormiu de túnica essa noite.” Dali para frente a desmoralização da sociedade, a falta de educação dos alunos e o crescente mal humor das professoras levou à consolidação do mito da mal comida, que sofreu variações designatórias ao longo dos tempos. Inciou-se com um “velha recalcada”, passando pelo clássico “marido dormiu de calça” até chegar ao moderno “é falta de (insira aqui vocábulo chulo para o orgão sexual masculino).”

Outras profissões compartilham a fama de mal comidas das docentes, como bibliotecárias, funcionárias públicas e a quase extinta categoria das donas de pensão. Costuma recair sobre as professoras, entretanto, a culpa pelas amarguras da humanidade, visto que é com elas que o cidadão comum passa grande parte do seu tempo até os 17 anos pelo menos. Com isso, o fantasma da mal comida pode perseguir um sujeito pelo resto da vida dele:

“Eu não passei no vestibular porque minha professora de Matemática é uma mal comida.”

“Eu não consegui a promoção porque vou mal em estatística e a culpa é daquela professora mal comida.”

“Eu voto no Lula por causa da mal comida da professora de...”

E por falar no nosso presidente, cer-te-za que ele teve uma mal comida logo na primeira série, tão mal comida, mas tão mal comida, que obrigou o coitadinho a abandonar a escola. Culpa da falta de (insira aqui vocábulo chulo para o orgão sexual masculino) que assola a nação.

Esclarecimentos

Não, Tia Paula não ficou subitamente importante e por isso resolveu exigir pulseirinhas coloridas para que as pessoas freqüentem seu blog. Antes fosse. Se eu tivesse ficado subitamente importante talvez houvesse uma quantia considerável de dinheiro envolvida no caso.
Acontece que uma colega do trabalho, com boas intenções, (e nós sabemos bem onde boas intenções costumam morar, não?) espero, resolveu falar dos meus blogs para a sétima série. E a molecada veio, é claro, fuçar furiosamente. Embora eu mesma não ache que há algo muito comprometedor por aqui uma vez que eu não cito nomes, não faço acusações graves e não ofendo ninguém, entendo que eles têm 13 aos e dificilmente não levarão o conteúdo aqui escrito para o lado pessoal. Por questões de manutenção do meu emprego, portanto, decidi trancar o Tia Paula vai à guerra pelo menos por enquanto. Confio na memória curta dos petizes e tenho esperança de que em breve eles esquecerão que Tia Paula tem blogs.

Obrigada pela colaboração,

Tia Paula.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Mitos escolares

“Fulaninho é inteligente, só que é vagabundo.”

Sinto informar, mas você se fodeu, fulaninho. Imagina se o Einstein fosse vagabundo. Passaria suas manhãs de sábado coçando o saco ou as noites no bar enchendo a cara e pegando doenças venéreas, ao invés de desenvolver a teoria da relatividade. Se o cidadão é, portanto, reconhecidamente inteligente (não importa como foi feito esse reconhecimento), ser vagabundo só vai provar que a inteligência dele não serve pra coisa nenhuma e portanto não faria diferença se ele fosse burro.

“Fulaninho nunca gostou de estudar, nem foi para faculdade, e olha aí: se deu bem na vida.”

Quantas pessoas você conhece para encaixar nesse exemplo? O suficiente para tornar isso uma regra? Não, né? Então não vale. E aposto que quem quer você coloque aí é inteligente e nem um pouco preguiçoso. Ou absolutamente sortudo, tipo a Victoria Beckham.

“Fulaninho nunca precisou estudar para passar em prova nenhuma.”

Opção a) Fulaninho está na sexta série.

Opção b) Fulaninho estuda ou se formou em alguma UniEsquina da vida.

Porque se o fulaninho resolver passar numa faculdade decente e concluir o curso, ele vai ter que sentar a bunda na cadeira em algum momento.

“Não existe gente burra.”

Ah, existe. E como. Gente que não acha importante ouvir música decente, ler livros de verdade (não “Código da Vinci” ou “Violetas na Janela”), escrever direito... E isso não é ignorância não, seria ignorância se o cidadão não tivesse acesso a coisas melhores. Conheço dezenas de pessoas que têm acesso e preferem acompanhar a novela. Isso é burrice.

“Fulaninho vai mal na matéria porque odeia o professor.”

Talvez. Mas a chance de ele ir mal na matéria por ser burro e vagabundo é infinitamente maior.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Alguém me explica?

Porque eu desisti.
Eu já disse por aqui que a escola pra mim sempre foi meio fácil, que eu era CDF e blá blá blá. Não estou me gabando. Certeza que para você, leitor mais ou menos da minha geração, a escola foi fácil também. Assim como para seus colegas.
Eu não tenho lembranças de colegas indo muito mal nas provas. Sofrendo para aprender tabuada. Perigando repetir de ano na terceira série. Repetir de ano? Meo deos, isso era para os maus elementos, aqueles que a gente tinha medo de chegar perto.
Pois hoje elas sofrem. Aprender, para várias, é uma luta diária. Lembrar coisas básicas do tipo olhar a agenda pra ver se tem lição de casa exige um esforço quase sobre humano. Compreender padrões, lógica, raciocinar sobre qualquer coisa é para elas um mistério maior que a vida após a morte. E isso aos nove anos.
A escola está mais difícil? Muito pelo contrário.
As crianças estão mais burras? Difícil dizer.
"Idiocracy" tinha razão? Temo que sim. É o Darwinismo ao contrário mostrando suas garras.
Vira e mexe aparece um estudioso querendo provar que internet e video games deixam as pessoas mais inteligentes. Mas onde é que estão estas pessoas? Criando essas crianças é que não é. E eu nem vou discutir isso por que não tenho dados e não pesquisei. Tudo que eu digo aqui é no chute, baseado no que eu vejo diariamente na escola. Vejo crianças dependentes, inertes e, desculpem, burras. A molecada que estudou comigo na segunda série era mais esperta que a quarta série para a qual eu dou aula hoje.
E isso me preocupa muito, mas muito mesmo.

domingo, 14 de setembro de 2008

Pequena da terceira série chega para mim no meio da aula e diz "Quero ir no banheiro!" Eu, de saco cheio, viro para a classe e pergunto: "E aí, turma, por acaso é assim que se pede para ir no banheiro?" Pequena 2 levanta o braço e responde: "Não teacher, é Quero ir AO banheiro."

Da próxima vez eu fico quieta, juro.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Todo mundo odeia a psicopedagoga

Cheguei ao colégio hoje de manhã e dei de cara com uma figura oxigenada vestindo uma camiseta que tinha uma gravatinha e colete estampados e calçando saltos de acrílico (urgh!). Sentada num canto da sala da coordenação (que, como eu já disse por aqui, tembém é enfermaria e biblioteca), anotava furiosamente qualquer movimentação – de crianças espirrando até as piadas das professoras. Coordenadora explicou – é estagiária. De quê, gizuiz, pra ficar na sala da coordenação e não na classe? De Psicopedagogia, respondeu a criatura.

Eu não se já falei por aqui da minha antipatia com psicopedagogas. Antipatia não. Ódio mesmo. Psicopedagogas são mulherezinhas bregas que fazem uma pós-graduação mequetrefe e se acham habilitadas a meter o bedelho no trabalho de gente que enfrenta uma sala de aula cheia de monstrinhos há anos. Não falo nem por mim, que bem ou mal estou começando também, mas pelas outras. Muitas psicopedagogas nunca entraram numa sala de aula e vêm querer aplicar Piaget para ensinar tabuada a duas dúzias de crianças ensandecidas.

Mas espera aí? Psicopedagogia não é curso de pós-graduação? Desde quando tem estágio? Pois a UNIFIEO fez o favor de criar um curso de graduação desta coisa. Sem vestibular e com a mensalidade bem baratinha, o que significa que daqui a três anos ela despejará no mercado dezenas de mulherezinhas bregas que nunca entraram numa sala de aula vomitando Piaget por aí.

O fato é que a mulher do salto de acrílico (meus olhos! meus olhos!) passou a manhã inteira fazendo observações “pertinentes” e enchendo o saco da coordenadora e de qualquer professora que passasse mais de cinco minutos na sala. Tentamos empurrar a mala para o recreio, para a aula de Arte, mas o negócio dela era na coordenação. Porque afinal, ela será uma Psicopedagoga, não uma reles professora. Ódio cada vez maior dessa raça.

Na hora de ir embora eu precisava passar no shopping para buscar uma calça que tinha ficado arrumando. Quatro quarteirões da escola, distância que eu ia enfrentar de ônibus em vista do sol escaldante, mas ao me dirigir ao ponto dou de cara com quem? Com a mulherzinha da camiseta de gravata. Fui a pé. Imagina se ela resolve conversar comigo?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Eu juro que essas coisas acontecem!!!

Prova de química: "Por que o ácido sulfúrico blá blá blá Whiskas sachê?"

Gênio do colegial: "Porque ele é um sal."

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Psicologia infantil nível avançado

Colega minha, mãe de dois meninos de 11 e 16 anos:
"Eu não sei qual é a dificuldade dessas mães em controlar os filhos... É como cachorro... Fez xixi no tapete? Leva tapa. Deu a patinha? Ganha biscoito. Com criança é a mesma coisa..."

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Professor de Geografia corrigindo recuperações com aquela cara de "meo-deos-do-céo-o-que-é-que-eu-fiz-pra-merecer-isso?":

"Foda, né Paulinha... A genta passa o trimestre inteiro falando da China, que a China é isso, que a China é aquilo... Pra quê? Pra chegar na prova e o cidadão escrever que 'a China é um país subdesenvolvido, não industrializado e com altíssima taxa de natalidade'. Nêgo tá me zoando, né?"

Eu digo: Não, fessor, não tá. E esse cara aí, além de não saber nada de Geografia, não assistiu nem o Fantástico esse mês.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Mais uma pra perder a licença

A menina chega atrasada todo santo dia pelo menos meia hora. Segunda série. A professora manda um bilhete para a mãe alertando, educadamente, que os atrasos prejudicam o rendimento da aluna assim como a dinâmica da aula e que não serão mais tolerados. A mãe responde com um recado que não reproduzirei fielmente mas que contém o principal:

"Professora, eu sei que a escola tem regras mas a Mariazinha é uma boa aluna e por isso acho que o colégio DEVE (???) abrir uma exceção. Ass: Mãe."

Traduzindo:
Foda-se a professora que tem que parar a aula para explicar a lição para a Mariazinha que acabou de chegar...
Fodam-se os colegas que acordam cedo e chegam no horário...
Fodam-se as normas da escola...
... porque eu sou uma vaca preguiçosa e enrolada incapaz de estabelecer uma rotina decente para a minha filha de oito anos.

Caçassão da licença de mãe djá!!!!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Mensagem subliminar

Caro leitor, observe esta cena singela:





Os amiguinhos Kenji e Paulo brincam alegremente. Paulo, que é muito exibido, fica se gabando ao coleguinha oriental sobre todas as coisas legais que ele tem. Mas Kenji sorri. Ele tem uma coisa que Paulo não tem:





Pausa para imaginar o efeito disso numa terceira série com 30 monstrinhos:





Em cinco segundos, minha aula estava acabada. E eu tive que segurar o riso também. Devo mandar um e-mail para a editora ou deixo as outras professoras se ferrarem?


terça-feira, 19 de agosto de 2008

A senhora E

E aí tem a aluna que chamarei de senhora E.
A senhora E tem cerca de 30 anos, dos quais já deve ter passado uns dez atormentando professores de inglês em cursos particulares por aí. Só onde eu dou aula já são cinco.
A senhora E repetiu pelo menos uma vez cada módulo, e só passou (raspando) na segunda vez porque fazia a mesma aula duas vezes, uma no grupo e uma particular, com outro professor.
A senhora E é simpática e sorridente. Mas é completamente inepta para aprender idiomas. Segundo a própria, ela freqüenta há doze anos o Instituto Goethe e aparentemente não será capaz de pedir um Big Mac caso vá a Berlim nos próximos três anos pelo menos. Para piorar, a senhora E mistura inglês com alemão e, tendo chegado aos trancos e barrancos no Intermediário 2, ainda pergunta: "Vat's your name?" A senhora E não entende que é hora de desistir e aprender outra coisa: bordado, pintura a óleo, dança flamenca.
Não posso negar que a senhora E é engraçada. Outro dia ela estava me contando como o marido dela é inteligente: "Tchitcher, my husband very very intelligent. He have a much big head." E eu não sei bem ao certo o que ela queria dizer, mas tive que me segurar para não rir imaginando o cabeção do coitado do marido.
Essa, caros leitores, é a senhora E. Escrevo este post porque ela tinha nos abandonado mas voltou este semestre. Grávida. De um bebezinho que, espero, não tenha uma "much big head".

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Fiz uma salada de frutas com a primeira série hoje e esperava aparecer aqui com mais uma história emocionante, cheia de sangue, suor, lágrimas e bananas voadoras, mas nada disso aconteceu. Deu tudo certo. As crianças saíram da aula limpinhas, felizes e de barriga cheia. E eu quase nem precisei gritar.

Se as coisas continuarem assim terei que aposentar o blog.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Verdade seja dita

As mini funkeiras da quinta série me deram uma boa idéia.

Suas crianças só ouvem "Créu"?
Aos 9 anos conhecem todas as coreografias de funk disponíveis no mercado?
Falta pouco para os petizes acharem que MC Catra é light?
Seus problemas acabaram!

Tia Paula Records lança com exclusividade o "Funk para baixinhos"! Inocentes canções folclóricas infantis versão remix. A criançada rebola e nem percebe que está ouvindo "Ciranda Cirandinha".

Faça sua própria coreografia ao som do "Funk do pau no gato":
"Ato
A-ato
Atirei o pau no gato
Eu
E-eu
Mas o gato não morreu
Ouce
O-ouce
Dona Chica admirou-se
Eu
E-eu
Do berrô que o gato deu"

Passe momentos divertidos com "Samba Lelê" devidamente adaptada para "Funk Lelê".

Dance até o chão com a versão exclusiva de "Cai cai balão" by MC Serginho e Lacraia:
"Cai balão cai balão
Cai balão cai balão
Cai balão cai balão
Caaaaaaaaaaaaaai!"

Tudo isso e muito mais! Adquira agora "Funk para baixinhos" e garanta o sucesso da próxima festinha infantil!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Futuro promissor

A aula da quinta séria acabou uns cinco minutos antes do sinal e deixei a molecada batendo papo (digo, gritando a níveis quase nocivos ao ouvido humano). Um bando de menininhas magrelinhas com tênis da Hello Kitty se junta à minha volta e, agachando tal qual as moças fruta fazem quando vêem uma câmera, começaram a entoar, em ritmo de funk:
"A cobra não tem pé
A cobra não tem mão
Como é que a cobra sobe no pézinho de limão?
Ela sobe
Ela desce
Vai, vai, cobrinha vai
Vai, vai cobrinha vai!"

Interpretando meu olhar incrédulo como admiração, me informaram, cheias de orgulho:
"Nós que fizemos, teacher!"

O que me consola é que na quinta série eu dancei lambada com aquelas sainhas indecentes e sobrevivi. Elas sobreviverão. Espero.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

E chegou aquela época do ano outra vez!

- Dia de reunião pedagógica. Só hoje reparei que a DONA do colégio, que é uma senhora rica, viajada e que foi à faculdade, fala "poblema". Mesmo.

- Tia Paula: "Parece que a sétima série quer fazer uma campanha para despoluir as praias (heim? que praias?)
Prof. de Educação Física: "A gente é que devia fazer uma campanha para despoluir o vocabulário deles."

- Mais uma professora está grávida. É a quarta desde que eu entrei em 2006. Dizem que é água. Estou levando de casa, por via das dúvidas. E, sinceramente: como é que depois de passar seis horas por dia com aquelas crianças essas mulheres ainda querem procriar??????

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Enquanto isso no blog da quinta série:

Troquei os nomes da molecada pra não dar problema, mas mantive a falta de letra maiúscula:

"eu sou o joãozinho do segundo comentário e o juquinha NÃO GOSTA MAIS DO QUE EU DE POKEMON" (Sabem o que é pior? Vão continuar disputando pra ver quem gosta mais de Pokemon até a oitava série)

"adoro tirar foto e fazer posses.adoro praias,rios e cacheeiras.gosto de musicas e dançar funk e claro que e o créuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu.Bom na verdade eu sou metida.na escola eu fico andando pra la e pra ca com minhas amigas mas asvezes elas se casão de min pq eu ado muito ai elas nao tão acostumadas.Ai eu fico abandonada." (Mais uma pra colocar foto fazendo bico no espelho do banheiro no Orkut)

"eu gosto de musica eu adoro funk , eu e minha amiga juju adoramos o creuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!!!" (Elas adoram o créu, olha que gracinhas...)

Voltando aos poucos

Esses dias eu descobri que as professoras de Português do colégio fizeram um blog com os alunos da quinta série. Achei a idéia óteema e fui conferir. Descobri, para meu desgosto, que a porra do blog tem UM post de boas vindas, escrito pelas professoras, e todas as outras postagens, as dos alunos, estão nos comentários!!! Como assim?

Alguém naquela escola não sabe usar blog ou está andando por aí enfiando sorvetes na testa.

(Tá, depois eu pensei que deve ser uma maneira de controlar o que a molecada posta, mas mesmo assim... Se as professoras não têm tempo de controlar o que é publicado no blog, fizeram pra quê? Pra mostrar pra direção o quanto elas são conectadas? Vá pra PQP!)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Picareta, eu?

Defendi a professora antes da hora. Semana passada saíram as notas da prova+trabalho de Idiomatismos. Todo mundo tirou A.

Levanta a mão quem acha que a mulher não passou nem perto das provas.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Enquanto tia Paula está de férias...

...continuamos atendendo normalmente aqui.


(Idéia do coleguinha de classe Thiago)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!

Boas férias para mim, criançada!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Mas antes de sair de férias...

Eu PRECISO dividir isso com alguém.
Na minha aula já foram atirados todo tipo de objeto, desde os clássicos bolinha de papel e materiais escolares em geral até tênis, fichário, canudinho. Mas desta arma aqui eu nunca tinha ouvido falar:
Doooooooooooooooooooooois
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Trêêêêêêêêês
.
.
.
.
.
.
.
.
.

terça-feira, 24 de junho de 2008

quarta-feira, 18 de junho de 2008

E na segunda série:

Tia Paula desenha um ônibus sem rodas na lousa.
"Turminha, what is this?"
"It's a buuuuuuuuuuuuuuuuus!"
"Very good! Mas está faltando alguma coisa no meu bus, não?"
"As roooooooooooodas!"
"Iiiiiiiisso. The wheels." Desenho as rodas. "Let's repeat: the wheels."
"The wheeeeeeeeeeeeeeels!"
"Então, turminha, nós vamos cantar uma música que fala das rodas do ônibus! Começa assim... The wheels on the bus go round, round, round..."
"Tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaa eu conheço essa música! É da Xuxa!"

E pensar que nós estávamos indo tão bem...

domingo, 15 de junho de 2008

Enquanto isso, na pós...

Aula de Metodologia do Trabalho Científico. A professora distribui alguns textos para exemplificar parágrafo padrão e bibibi bóbóbó. Entre os textos está um trecho de Raízes do Brasil, do Sérgio Buarque de Holanda. Lá pelas tantas, cidadã levanta o braço e pergunta:
"Mas Mayra, se eu quiser, por exemplo, citar esse senhor aqui o... Ségio Buarque de Holanda... "
Eu não ouvi o resto. Estava dominada pela indignação. E, sem querer parecer muito radical, mas eu acho que uma pessoa que se formou em Letras e se refere ao Sérgio Buarque de Holanda como se nunca tivesse ouvido falar dele merece morrer. Dolorosamente.

terça-feira, 10 de junho de 2008

E a errada sou eu?

Entro na sala do segundo colegial e dou de cara com um cidadão desenhando um pau tosco na lousa e declarando para a classe: "aí, ó, presente para a Paula!" Só isso já seria o cúmulo. Mas o que me chocou mesmo foi a reação de dois professores, homens, quando contei a história. Eles riram, não acharam tão absurdo assim e ainda questionaram: "ah, mas você mandou o cara para a diretoria mesmo?"
Vai ver eles têm razão. Quem sabe eu deveria ter mandado ele pegar aquele pau e enfiar no toba da mãe dele. Ou me esfregado no desenho e gritado: "u-hu, adivinhou o que eu estava querendo!" Ou olhado lascivamente para o moleque e dito: "desenhado eu não quero, só de verdade..."

NOT!

Sinceramente? Não tenho paciência nem estômago para esse tipo de brincadeira.

domingo, 8 de junho de 2008

Tia Paula vê o futuro

Festa junina do colégio. Barraca da pescaria. Para os não iniciados em assuntos juninos, a barraca da pescaria é o pior lugar para se trabalhar num evento desse tipo. Porque na pescaria todo mundo ganha. Sempre. Não é como na argola ou na boca do palhaço, onde te dão três chances e, se você for muito pequeno ou muito ruim mesmo, pode errar e não ganhar porcaria nenhuma. Na pescaria você recebe uma vara, se debruça no balcão e pode ficar lá eternamente, até pegar alguma coisa. E a pescaria lá no colégio é com os peixinho de madeira enfiados num tanque de areia e não boiando na água, portanto qualquer pessoa com o mínimo de coordenação motora consegue. Não preciso nem dizer então que a barraca da pescaria é a mais concorrida da festa e ser escalado para trabalhar nela significa horas de trabalho incessante, crianças gritando, pais tirando foto, dor nas costas e pernas de tanto abaixar para arrumar a meleca do tanque de areia.

E lá estava eu, com o saco na lua, minha companheira de barraca ocupadíssima batendo papo com alguém no canto e eu tendo que me virar em quatro para receber as fichas, entregar varinhas, recuperar peixes e entregar prendas que no dia seguinte estarão no lixo mesmo. Uma avó coloca um garotinho de uns seis anos para pescar. Mal pega na varinha, o moleque já me olha: “tia, me ajuda?”. Enquanto isso, a barraca lotava. Impossível. “Vai lá, rapaz, você consegue sozinho!” E corri para continuar atendendo todo mundo. Como assim “tia, me ajuda?” Menininhas menores que ele estavam pegando um peixe atrás do outro. Minha vontade foi de responder: “deixa de ser mole, moleque!”.

O fato que o garoto era ruim mesmo. Péssimo. Não conseguia nem colocar o anzol perto do tanque. Nisso a avó me olha: “dá uma ajudinha pra ele...” Dez crianças ensandecidas gritando “Tiaaaaaaaaaaaaaa!”, um calor infernal, eu praticamente sozinha na barraca e a velha acha que eu vou mesmo poder parar tudo e ficar segurando a linha do incompetentezinho para que ele ganhe um caminhão de plástico. Nessa hora baixou a mãe Dinah e tia Paula viu o futuro. Vi o moleque com seus vinte anos, sendo acordado pela mamãe com um copinho de leite com ovomaltine. Vestindo uma pólo rosa da Lacoste e indo para sua aula no curso de Administração da PUC. Indo para as micaretas de fim de semana e tratando suas ficantes e namoradinhas feito lixo. Xingando a mãe. Dando caixinha para o policial não multar. Resumindo, vi o garoto se tornando um ser completamente dispensável para a sociedade.

Tá, tô exagerando. Mas que eu fico puta de ver pais, tios e avós tratando suas crianças como se elas fossem a única coisa importante do universo inteiro, isso eu fico mesmo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Muito franca!

O burburinho era grande na sexta série. Lá pelas tantas, alguém solta no fundão: "Ah, mas o Rider (o professor que dava aula de Inglês antes de mim no colégio) TAMBÉM era chato."

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Aluna chega para uma colega minha: "Tchitcher, sabe por que as crianças japonesas são melhores que as outras?"
Colega, esperando piadinha preconceituosa, responde: "Não..."
Aluna: "Porque estão mais longe, tchitcher!"

Preciso dizer que a-do-rei?

domingo, 25 de maio de 2008

Voltei para a segunda série

Aula de idiomatismos e coloquialismos da língua Inglesa. A professora é gente boa, prepara uma aula caprichada e nos deu uma bibliografia excelente para o embasamento teórico do assunto. Os burros da pós não gostam dela porque ela "manda muita coisa pra ler". Não entendem a função dos textos sobre metáfora e produção lexical que ela manda. Queriam que ela fizesse uma lista de expressões coloquiais em Inglês e mandasse a gente fazer em casa. Sim, o povo lá da pós graduação pensa que está no Fisk.
Acontece que ontem, em cinco minutos, eu me tornei a mala da classe por causa dessa professora. Desde o início do curso estava previsto que a avaliação seria uma prova. Ótimo. Me preparei para fazer prova. Deixei a leitura dos textos em dia, tirei dúvidas pra não ter que me matar de véspera (oi, eu sou CDF), estava amando a idéia de ser prova já que isso implica em muito menos tempo dispendido. Pois uma idiota ontem foi pedir à professora para, ao invés de prova, dar um trabalho como avaliação. E a professora teve a brilhante idéia de perguntar para a sala o que eles preferiam.
Começou o tormento. A duas semanas do fim do curso, como é que um trabalho teoricamente decente pode sair? Sim, porque a sugestão do povo foi pegar um corpus de inglês falado (tipo um seriado) e listar as expressões idiomáticas naquele corpus. E isso até o queridão, que é químico, pode fazer. Fiquei puta. Briguei com o povo, fui falar coma professora, achei o cúmulo querer mudar as regras do negócio a duas semanas do fim do módulo. E ainda fui chamada de egoísta, não estava pensando em quem ia bombar na prova... Respondi que NINGUÉM ia bombar na prova, todo mundo lá é alfabetizado, fez faculdade, consegue tomar sorvete sozinho sem enfiar na testa e a matéria pra estudar não é, sei lá, filosofia em Hebraico.
O que me irrita não é ter que fazer um trabalho. Se o povo quisesse trabalho para ter mais tempo de pesquisar, se aprofundar no assunto, fazer uma coisa legal, tudo bem. Mas eles querem trabalho porque têm MEDO de fazer prova. MEDO! Voltei para a segunda série e não me avisaram.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Coordenadora da tia Paula deixa um bilhetinho educado como ele só pedindo para que eu não deixe meus papéis dentro do diário de classe porque atrapalha a secretaria.

1. Eu SEMPRE deixei meus papéis dentro do diário e só agora resolveram reclamar?

2. Os papéis consistem no meu calendário, meu planejamento de aulas e redações para devolver aos alunos. ONDE mais eu poderia deixa-los senão dentro do diário?

3. Não é possível que dê tanto trabalho assim separar meia dúzia de folhas para conferir as faltas dos alunos.

4. Sim, tia Paula está num mau humor do cão.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Faltam só seis anos...

E aí a quarta série fez uns cartazes sobre o clima durante a semana (eles aprenderam sunny, cold, windy, rainy, etc...), com desenhos e tal. Como eram vários cartazes e pouco mural, fiz uma votação. O primeiro e o segundo colocado ficariam expostos para a turma. Anunciei ontem que votação seria hoje.
Pois o cartaz mais caprichado ficou em segundo lugar e um meia boca ganhou. Quando eu estava pendurando os dois, uma das garotas me conta, na maior inocência: "ah, mas eu votei no da fulaninha porque ela me prometeu o adesivo da Pucca..."
Diante da denúncia, instaurei a CPI dos cartazes e concluí que a pequena corrupta tinha deliberadamente COMPRADO os dez votos no seu trabalho com balas e adesivos.
Daqui a seis anos essa turma estará habilitada a votar de verdade. E daqui a oito ela será OBRIGADA a votar de verdade.

domingo, 11 de maio de 2008

Fui prestar concurso para analista pedagógica do SESI hoje e cheguei à seguinte conclusão: como tem professor querendo mudar de profissão!

sábado, 10 de maio de 2008

Eu não vou pro céu!

Apesar de pagar minha cota de pecados aqui na terra mesmo domando meus monstrinhos diariamente, tem dias que eu acho que não vai ser suficiente.
Uma professora hoje na pós pediu alguns minutos do final da aula para divulgar a ONG de uma amiga dela, que ensina Inglês para crianças carentes. Estava lá, maravilhada, explicando como tudo funcionava bem, porque o Inglês tem que fazer parte do cotidiano delas e blá blá blá, e resolveu exemplificar:
"No final das contas, elas conhecem Inglês... O Inglês está presente na vida delas em música, filmes (oi tia, eles só assistem filme dublado), video games..." ao que tia Paula completou, baixinho, lá no fundão: "... no nome dos irmãos...".

Definitivamente não vai ter lugar ao lado de São Pedro pra mim!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Tá, eu pedi para ouvir essa!

Tia Paula: "Isabela, qual parte do 'não vamos cantar no meio da aula' você não entendeu?"

Isabela: "A parte do 'não', teacher."

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Eu tive professores chatos na faculdade. Muito chatos. Monocórdios, ininteligíveis, enrolões. Tive mais de um professor que copiava os textos da bibliografia básica na transparência e passava a aula lendo aquilo que todo mundo (ou quase) já tinha lido em casa, e outros que ao invés de dar aulas mandavam os alunos fazerem seminários e,portanto, trabalhar por eles. Tive alguns que eram simplesmente chatos pra caramba.
Na pós não é diferente. Ou melhor, é. Porque fiz a graduação numa faculdade pública e agora faço a pós numa particular. E alunos de cursos particulares se acham no direito de reclamar até da cor do sapato do professor só porque ELES ESTÃO PAGANDO. Ô mentalidadezinha tacanha.
Eu posso achar o professor um mala. Questionar o método e até o conhecimento. Mas bater na porta da coordenação para encher o saco toda vez que o cara espirra é tão quinta série que eu me pergunto como esse povo chegou até a pós-graduação...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Operação limpeza

Minha irmã vai se casar e mudar de apartamento, e me convocou no fim de semana para ajudá-la a se livrar da papelada insana acumulada ao longo dos anos.
Resumindo: achei uns textos meus da quarta série que dona Neide minha mãe sabe-se lá porque guardou. E cheguei à seguinte conclusão: ou eu era um mini-gênio (coisa pouco provável visto que meu nobel de Literatura ainda não se encontra a caminho) ou a molecada de hoje está muito ruim mesmo.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Enquanto isso, nos isteitis...

Crianças de 8 e 9 anos iam matar professora

Grupo de meninos e meninas, com raiva da mestra, armados de algemas e faca, planejava assassiná-la dentro da escola nos EUA

Foto reproduçãoWAYCROSS (EUA) - Nove estudantes americanos de 8 e 9 anos, com raiva da professora, armaram um plano para matá-la, mas foram descobertos e suspensos. O grupo, de uma escola em Waycross, na Geórgia, levou facas de cortar carne, algemas e tubos. Um dos alunos ia tapar as janelas para que ninguém visse, e outro seria incumbido de limpar a sala de aula. A professora, uma veterana na profissão, dava aulas em turma considerada problemática, com atraso de desenvolvimento.

Os estudantes detidos estão na terceira série. São duas meninas, de 9 e 10 anos, que levou a faca e o peso de papel, e um garoto de 8 anos, que carregou a fita adesiva. A polícia apreendeu algema e faca com uma das meninas. Segundo o chefe de polícia Tony Tanner os estudantes pretendiam deixar a professora inconsciente, colocariam as algemas e a fita e depois a matariam com a faca.

Pelas leis do estado as crianças, porém, não devem ser punidas por serem jovens demais. Na sexta-feira, um estudante avisou um dos guardas de que uma menina havia entrado armada na escola. Após o alerta, os policiais foram chamados.

De acordo com relato da professora, que não teve o nome divulgado, os alunos não eram bagunceiros. Ela dá aulas para um grupo de alunos com dificuldade de aprendizado. “Algumas das crianças disseram que estavam apenas brincando”, afirmou o procurador Rick Currie. A direção da escola avisou que até o momento nove alunos foram suspensos preventivamente. Mas aqueles que entram armados serão suspensos até o fim do ano.


E tem gente que acha que eu exagero...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Mini escroto

Estou tranqüila tomando um chá na bibliotequinha (mistura de enfermaria, sala de recreação e sala dos professores) quando uma pequena da terceira série entra correndo, segurando sua carteirinha do colégio com a ponta dos dedos:
"Teeeeeeeeacher! O João pegou minha carteirinha e passou no sovaco!"

E agora imaginem meu esforço sobre-humano para não rir e conseguir dar uma bronca no projeto de meliante.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Prontofalei

Um moleque da quarta série me irritou tanto hoje que eu murmurei um "você é idiota?" mais alto do que eu deveria. Ele ouviu. E agora estou me preparando psicologicamente para os pais enfurecidos entupindo o telefone da coordenação amanhã.

terça-feira, 25 de março de 2008

Como eu queria ter feito isso!!!

Mas quem fez foi o professor de Matemática. Terceiro colegial, setenta fulanos tocando o terror na sala de aula. Meu colega se irrita e começa a esculhambar a galera. No meio do fogo cruzado, um “gênio” relincha:
“É, mas sou eu que pago seu salário!”
O professor não teve dúvidas. Calmamente fingiu que fazia umas contas no canto da lousa, enfiou a mão no bolso, tirou uma moeda e disparou:
“Pois eu acabei de calcular a sua parte no meu salário e deu cinqüenta centavos.”
Atirou a moeda no cara e concluiu: “ Tô devolvendo. Agora pode sair e faça o favor de não voltar mais aqui.”

Sou só eu ou mais alguém está ouvindo um CRÉU coletivo nesse momento?

terça-feira, 18 de março de 2008

Você sabe que um cara do primeiro colegial não tem a mínima noção de nada neste mundo quando...

... ele lê um artigo de revista que cita uma ÚNICA cidade (Frankfurt) e ao ser perguntado "De onde fulaninho (cidadão do artigo) é?" ele responde: Newsweek.

domingo, 16 de março de 2008

Enquanto isso na reunião de pais...

Orientação da coordenadora:
"Se algum pai questionar o fato de a quarta série estar com 37 alunos, respondam que uma turma grande é mais produtiva para desenvolver a autonomia do aluno."

Ah, tá. Então responder que "esta instituição de ensino visa única e exclusivamente o lucro e isso significa que estamos dispostos a sacrificar o aprendizado do seu filho para não precisar dividir a classe e contratar outro professor" está fora de questão?

sábado, 15 de março de 2008

Coisas que eu adoraria dizer a certas mães...

...mas, por motivos óbvios, não posso:
- Eu não deveria ter que ensinar seu filho a lavar as mãos depois de usar o banheiro.
- Eu não deveria ter que ensinar seu filho a dizer "por favor" e "obrigado".
- Eu não deveria ter que ensinar seu filho a não falar palavrão.
- Eu não deveria ter que ensinar seu filho a não pegar as coisas do colega sem permissão.
- Eu não deveria ter que ensinar seu filho a não bater nos amiguinhos.
- Eu não deveria ter que ensinar seu filho a respeitar os mais velhos.
- Eu não deveria ter que ensinar seu filho a mastigar com a boca fechada.

Mas eu ensino. Porque a senhora, como mãe, é de uma incompetência exemplar.


(Inspirado pelo post da coleguinha de classe Mary Poppins de TPM)

quarta-feira, 12 de março de 2008

E continua!

Ao ser questionado sobre a irresponsabilidade de permitir que uma criança de oito anos vá à universidade, o pai respondeu:
"Irresponsabilidade seria não apoiar o sonho do meu filho."

Gênio, fica a dica: aposto que se o sonho do seu filho fosse virar menina, a essa hora o senhor estaria enfiando todos os seus livros do Augusto Cury no toba.

segunda-feira, 10 de março de 2008

A imbecilidade humana não tem limites

GO: menino de 8 anos passa em vestibular da Unip
Márcio LeijotoDireto de Goiânia
O estudante João Victor Portelinha de Oliveira, 8 anos, que cursa o quinto ano do ensino fundamental, em Goiânia (GO), foi aprovado no vestibular para o curso de Direito da Universidade Paulista (Unip).

Mesmo faltando sete anos para concluir os estudos, sua fama de "nerd" deve aumentar ainda mais na escola particular Imaculada Conceição, onde ele é conhecido por ser um bom aluno. Seus colegas de classe estão na faixa dos 10 anos e, mesmo assim, suas notas são boas.
A Unip tem um dos maiores campus do País - entre as instituições particulares de ensino superior. Foi tudo muito rápido. Na quinta-feira da semana passada, João Victor fez a inscrição no vestibular pela Internet.
No dia seguinte, compareceu com o documento de identidade nas instalações da faculdade e fez uma prova de múltipla escolha, mais a redação, em um computador em uma sala sozinho. O resultado veio já na segunda-feira, dia 3: João Victor - que nunca teve uma aula de Física, Química ou Filosofia - estava entre os novos calouros da Unip.
Ontem, os pais pagaram os R$ 506,86 da matrícula, mesmo sem saber se o filho poderá freqüentar as aulas. Hoje o estudante foi na Unip fazer a inscrição.
Em entrevista à imprensa, o garoto disse que achou a prova fácil. Afirmou ter pegado "uns livros" do pai para ler antes do exame, e que fez uma revisão do que aprendeu até então. "Eu fiz uma revisão do que aprendi da 1ª à 4ª série. Não sabia nada de Física, sabia algumas de Matemática e nada de Química", disse.
João Victor disse sonha em ser juiz "quando crescer" e que já se enxerga como um calouro de Direito. Os pais de João Victor esperam que o filho possa cursar a faculdade paralelamente ao ensino fundamental e médio.
O Conselho Estadual de Educação (CEE) informou ontem que o garoto não pode ser matriculado em uma instituição de ensino superior. O artigo 44, inciso II da lei federal 9394/1996 (Lei de Diretrizes de Base da Educação) diz que para cursar o ensino superior é preciso que a pessoa tenha concluído o ensino médio e ser classificada em processo seletivo. Há casos na Justiça, entretanto, de estudantes que ainda não concluíram o ensino médio e conseguem o direito de se matricularem em cursos superiores para os quais foram aprovados.

http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI2658566-EI8266,00.html

A tal notícia me levou a tecer algumas considerações:
1. Que faculdade energúmena é essa que permite que alguém que nasceu em 2000 preste vestibular? Acharam que ele era anão? Não precisa de RG para prestar vestibular? Aliás, precisa ser alfabetizado para entrar na UNIP?
2. Que faculdade energúmena é essa que faz um vestibular no qual um moleque de oito anos consegue passar?
3. Que pais energúmenos são esses que acham que um garoto de quinto ano vai conseguir acompanhar um curso de Direito (ainda que seja o da UNIP)?

Me irritei. Tem como cassar a licença de paternidade desses dois?
E se esse garoto fosse meu colega de sala, ia apanhar todo dia pra deixar de ser idiota.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Profissão perigo

O ano letivo mal começou e já há um surto de piolhos no colégio.

E eu nem ganho adicional de insalubridade!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Oi, posso dar meu cartão?

Então eu peguei um ônibus e dois moços falavam inglês atrás de mim. Brasileiros, esforçadinhos, mas se fossem meus alunos estariam, com boa vontade, no Intermediário 1. Vinte minutos de tortura. Um moço falava alguma coisa errada, buscava confirmação do colega que, das duas uma: aceitava como certo ou "corrigia" mais errado ainda. Eu louca de vontade de me meter. E faltou pouco quando ouvi o diálogo que segue:
"Ai tinqui xi is in rouses rer. Você conhece essa expressão?"
"Qual?"
"Rouses rer. Casa dela."
Achei digno.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Tiaaaaaaaaaaaaaa!

Se eu ganhasse um real para cada "Tia, posso fazer de canetinha?" que escuto por dia, já estaria nas Ilhas Gregas a uma hora dessas...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Caro professor de Ciências

Quem vos fala é sua colega de trabalho, Tia Paula. Caso você não se recorde, sou a moça magrinha com cara de louca que aparece na porta da 6a B as 11:30 da manhã toda quarta-feira.
Professor, eu sei que a sua aula dura apenas 50 minutos e você tem um extenso programa para cumprir, não podendo, portanto, dar aos seus (nossos) alunos o luxo de sair para beber água ou ir ao banheiro. Mas, veja bem, professor: a minha aula é a última do dia, logo depois da sua. Se o senhor insistir em manter o regime anti-xixi, perderei meus parcos 50 minutos (e, entenda, meu programa também precisa ser cumprido) tendo que escolher entre:
1 - Como você, proibir terminantemente as saídas e ouvir choramingos ininterruptos de pré-adolescentes apertados, com sede ou recém-menstruadas;
2 - Decidir quem está mais necessitado (baseada apenas nas expressões de desespero) e realizar um sorteio que permitirá que apenas cinco alunos sejam contemplados com com uma saída cada;
3 - Desistir da aula e ficar na porta simplesmente controlando a devolução dos crachás do banheiro ou;
4 - Sugerir que os alunos tragam garrafas d'água, fraldas e absorventes gigantes.
Como você pode observar, minha situação não é das mais confortáveis. Conto com sua colaboração para tornar a última aula da quarta-feira o menos traumática possível para todos.

Obrigada,

Tia Paula

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Mais crônicas da FFLCH

E tinha o Vilaça. O Vilaça deve ter sido o melhor professor de Literatura Brasileira que eu tive na faculdade, e olha que eu nunca gostei de Literatura. Justificava minhas notas medianas com um “eu sou da Lingüística, poxa” e ia levando. Mas eu amava o Vilaça.
O Vilaça fumava muito. Muito mesmo. Praticamente um maço de Holywood por aula, ou seja, em pouco mais de uma hora e meia. Ia falando sobre Machado de Assis e fumando um cigarro atrás do outro, deixando as bitucas em um cinzeiro desses de areia, que há em prédios comerciais, que ficava em cima da mesa dele. Sim, o Vilaça enchia um cinzeiro de areia em cerca de uma hora e quarenta, mas visto que ele dava aula em uma sala tipo auditório, não muito cheia e com várias janelas e ele era mesmo muito gente boa, ninguém nunca se animou a protestar. O povo se conformava em não sentar muito perto dele (ainda bem que, apesar do cigarro, a garganta do velho era boa e ele falava alto).
Um dia um cheiro estranho começou a vir do fundo da sala. Olhamos para trás e um tipinho clichê da FFLCH, a hippie, tinha acendido um incenso no meio do pessoal. Entre espirros, palavrões e gente mudando de lugar, eis que a garota se levanta e grita, apontando para o professor: “Qual é? Se ele pode eu também posso!”.
Claro que não foi possível argumentar. Mas naquele dia um buraco se formou na classe e todo mundo resolveu sentar na frente. E alguém aqui acha que o Vilaça parou de fumar na sala?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Pós carnaval

Pequenininha do primeiro ano olha para mim e diz:
"Tia, você fala que nem homem!"

Será que eu estou rouca?
Tia Paula agora é sindicalizada. Vai pagar uma taxa mensal por benefícios que incluem um plano de saúde que custa o mesmo do que eu já tenho e uma colônia de férias numa praia brega na qual minha família tem um apartamento e, oi, há anos eu não apareço lá.

Por que foi que eu fiz isso mesmo?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O que professores e prostitutas têm em comum?

Trabalham em horários estranhos, recebem por hora e todo fim de ano juram que vão largar essa vida.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Primeiro dia de aula na sexta série e já me ferrei. Fui professora dos monstrinhos em 2006, quando eles estavam na quarta série. Ou seja, eles já sabem que eu sou boazinha. Minha performance "bruxa-sanguinária-de-primeira-aula" não colou.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Da série: Só podia acontecer comigo

Essa aconteceu em 2002, quando eu dava aulas num curso de inglês lá na Vila Mariana. Uma das professoras que trabalhava comigo me ofereceu um aluno particular que ela queria deixar. Alegou que era um garoto de dez anos, que ela não tinha mais paciência para dar aula pra criança, etc e tal. O valor da hora-aula era bom, era perto de casa, topei.
A esquisitice começou no primeiro telefonema de contato com a mãe do garoto. Antes de decidir se me contratava ou não, ela perguntou se eu era magra, e explicou que o filho dela não gostava de professoras gordas. “Adorei” a idéia de dar aulas para um moleque tão mimado que se achava no direito de escolher suas professoras por tamanho, mas como eu me encontrava dentro da faixa de peso aceita pelo fofinho e precisava do dinheiro extra, decidi ir em frente.
O endereço já era bem insólito. Um casarão cinza ao lado de um viaduto, numa avenida movimentadíssima perto de uma estação de metrô. Totalmente fora de contexto. Entrei pela garagem, onde havia várias máquinas de lavar industriais e muitas moças, andando de um lado para o outro, carregando lençóis, cortinas e coisas do gênero. Por dentro era tão estranho quanto por fora. A casa era imensa, escura, com móveis pesados espalhados aleatoriamente. A mãe era uma mulher obesa, de uns quarenta anos, cabelos grisalhos e desgrenhados e uma voz muito grave, que ela usava para dar ordens o tempo todo às moças que circulavam por lá.
Logo descobri que eu não era paga para dar aula de inglês ao menino, e sim para pajeá-lo. Eu ajudava na lição de casa, inventava jogos, ficava controlando o computador. Não era tão ruim, apesar da bagunça da casa (nós ficávamos na sala de jantar) e da chatice do moleque que era, como o esperado, um pequeno déspota.
Um dia, fim de mês, fui até o escritório da mãe no fim da aula para receber o pagamento. Como a porta estava aberta, fui entrando. Ela estava no telefone, e fez sinal para que eu entrasse e sentasse. Continuou falando, no mesmo tom alto de sempre, sem a menor cerimônia. E foi realmente como se eu não estivesse lá que a mulher soltou a pérola:
_ Eu já sei, já sei. Vou me livrar dessa menina o mais rápido possível. Ela só dá dor de cabeça, beija os clientes na boca, fica perseguindo os caras...
Entenderam, né criançada? Tia Paula estava dando aulas literalmente para um filho da puta!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Picles de reunião pedagógica

- "Vocês têm até dia x para DAR O START no projeto schlebts." Anglicismos mal utilizados insistentemente só não são mais irritantes que feriado de domingo.

- Os assuntos preferidos das professoras que trabalham comigo são: marido, filhos, dieta, prisão de ventre e escova progressiva. Percebe-se porque eu não consigo conversar com elas por mais de dez minutos.

- A dona do colégio é uma senhora muito chata e certinha que estava bem atrás de mim enquanto eu contava uma história e dizia, em voz bem alta: "O fulano chegou em casa com o saco na lua!"

- Em determinado momento alguém solta no meio da discussão: "Agora nós tocamos num ponto NELVRÁLGICO do problema".

Repito: pelo menos eu estou sendo paga por isso.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Recebi o calendário de aulas e constatei, horrorizada, que praticamente TODOS os feriados do segundo semestre caem no Domingo. Existe coisa mais irritante do que feriado no Domingo?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Crônicas da FFLCH

Eu não sei como eu não contei isso antes. Eu me formei em Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, popular Fefeléche, habitat natural de hippies, indies, maconheiros, gente de teatro e todo o tipo de fauna urbana que se possa imaginar. Seis anos num lugar assim renderam, obviamente, infinitas histórias de alunos e professores e a partir de hoje vou compartilhar as mais insólitas com os leitores do blog. Começo com uma da pós-graduação.
Eu fiz duas matérias como aluna especial na pós da Letras. Aluno especial é aquele que, mediante aceitação do professor, freqüenta no máximo três matérias por semestre sem ter se candidatado oficialmente para o mestrado. Se passar, tem até dois anos para pedir a inclusão dos créditos caso se torne regular. Na Letras, equivale a ser um marginal, um vagabundo incompetente que não presta nem pra passar numa provinha idiota de mestrado (que de idiota não tem nada, envolve trabalho braçal, humilhação e muita puxação de saco).
Uma das matérias que eu cursava chamava-se Lingüística Cognitiva e era ministrada por um dos professores mais temidos do departamento de Inglês, o sr. Leland McLeary. Era dificílima até para quem tinha se graduado em Lingüística, que era o meu caso. Envolvia um monte de conceitos muito abstratos e uns textos gigantescos semanais, em inglês. Para piorar, o Leland aceitava um monte de alunos especiais, o que significa que na turma tinha muita gente caída de pára quedas, que tinha se formado em Jornalismo, Artes Cênicas e até Direito e sabe-se lá por que força maligna foi parar numa aula de Lingüística Cognitiva. Para cagar de vez, a aula do sr. McLeary consistia basicamente no velhote sentando na mesa perguntando para o povo: “O que vocês entenderam do texto da semana?”. Ou seja, eu passava quatro horas por semana escutando gente que nunca tinha ouvido falar em Lingüística tecer conjecturas sobre um texto do qual ninguém tinha entendido porra nenhuma. Um exame de papanicolau seria mais divertido.
Uma das paraquedistas era uma sujeita que ia para uma aula de sexta feira a tarde na FFLCH de escarpin, tailleur e bolsa Victor Hugo. Era advogada e, como tal, adorava dar opinião sobre tudo. Toda aula ela falava alguma merda que não tinha absolutamente nada a ver com o que estava sendo discutido. E comparava com Direito, óbvio. Quando a fulana levantava o braço, o povo já revirava os olhos e se entreolhava esperando o que viria pela frente.
Um dia nós estávamos discutindo metáforas e expressões idiomáticas e o professor questionou se expressões do tipo “Foi um parto para fazer tal coisa” ou “Fulano é um pé no saco” seriam adequadamente utilizadas por pessoas de diferentes sexos, já que são experiências que podem ser vividas só por mulheres ou só por homens. Ele queria saber se as expressões devem, necessariamente, ter um “pé” no real. Nisso a advogada levantou a mão:
“Isso não tem nada a ver, professor. Por exemplo, talvez ninguém aqui tenha literalmente ‘remado contra a corrente’, mas provavelmente já subiu a Brigadeiro num Ford Ka 1.0 com ar condicionado ligado!”
Tá, foi meio fora de contexto. Mas que foi a melhor comparação de todos os tempos, isso foi.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Pra ser lembrada

Eu não sei como meus alunos vão se lembrar de mim num futuro não muito distante. Se é que vão se lembrar. Talvez eu fique na memória deles como a professora do cabelo estranho que era incapaz de organizar uma lousa decentemente. As meninas talvez lembrem de mim como aquela das roupas legais. Pode ser que algum moleque me agradeça no futuro por ter apresentado Dave Matthews Band a ele e tenho certeza que tem gente que vai me odiar pra sempre por uma nota baixa considerada, na época, uma injustiça suprema. Alguns vão repetir meus trava-línguas para as próximas gerações, um ou outro talvez me credite seu ódio eterno pela língua de Shakespeare e a maioria, provavelmente, vai simplesmente me esquecer. Normal. Vou listar aqui alguns professores dos quais eu não esqueci, por motivos diversos:
Silvana (Jardim 3) – Me ensinou a ler, a diferenciar os números pares dos ímpares e a amarrar o cadarço do tênis. Também colocou um desenho meu em uma prova, para orgulho de dona Neide (que de tão orgulhosa esqueceu de guardar o teste).

Maria Célia (História, 6ª série) – Falava Francês, nos obrigava a forrar a carteira com uma toalhinha durante a aula e só aceitava as provas respondidas com caneta preta. Minha professora preferida de todos os tempos, de longe.

Lúcia (Geografia, 6ª série) – Japonesa hippie que ia dar aulas de chuteira e falava sobre reencarnação e experiências extra corporais.

Cacilda (Matemática, 7ª série) – Tem como esquecer uma professora chamada Cacilda?

Lúcia II (Física, 8ª série) – Japonesa também, usava uns saltos imensos e fazia desenhos ótimos. Era engraçada. Foi a única vez que me diverti estudando Física.

Ruiva estranha (Química, 1º colegial) – Não lembro o nome dela, mas lembro que ela vestia SEMPRE, sem exceção, legging, camiseta e tênis conga, tudo da mesma cor.

Diamantino (Química, 2º colegial) – Explicava química orgânica como ninguém, deixava a gente colar na prova e nos apresentou a teoria de Thantofazz.

Sílvia (Biologia, 2º colegial) – Dizia que os grandes amores da vida dela eram a filha, o Fábio Júnior, o sistema digestivo e o marido. Nessa ordem.

Márcia (Inglês, 2º colegial) – Estava se divorciando e passava aula toda falando mal do marido e contando os podres da família dele.

Maurício (Geografia, cursinho) – Úníco professor realmente pegável que eu tive.

Depois veio a faculdade, pródiga em professores figura. Esses merecem posts inteiros pra cada um. Qualquer dia eu conto.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Tia Paula continua de férias

E, com isso, ando completamente sem assunto. Então, numa iniciativa revolucionária, resolvi abrir espaço aos meus milhares de leitores e convocá-los para que me contem suas trágicas histórias dos tempos da escola. Ou, para os coleguinhas professores, que compartilhem comigo suas agruras diárias. Selecionarei as mais divertidas e postarei aqui de vez em quando (com os devidos créditos, obviamente), para alegria da galera. Os felizes escolhidos ganharão uma canetinha de gel e uma figurinha do Yugi-ho.
Colaborem gente! Esta professora em crise criativa conta com vocês!

P.S.: Tia Paula tinha esquecido de deixar o contato - mandem suas historinhas para tiapaulavaiaguerra@yahoo.com.br