terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tia Paula vai à dinâmica

Todo mundo que já procurou emprego alguma vez nessa vida deve ter passado pela famigerada "dinâmica de grupo". As dinâmicas podem variar de acordo com o cargo, mas acho que numa coisa todas se parecem: são um pé no saco. Isso quando não fazem o indivíduo se sentir com cinco anos de idade.
E aí Tia Paula hoje foi a um destes maravilhosos eventos da vida corporativa. O cargo: professora de inglês para crianças em uma escola famosa especializada em petizes.
Havia cerca de trinta pessoas, das quais só três homens (oi, professor de criança é profissão de vi-a-do - sem preconceitos, beijos). Entre os três caras tinha um chamado Raoni - uma bichinha que teve a cara de pau de dizer que Raoni significa tigre em Tupi (alguém me explica como os índios deram nome para um bicho que eles não conheciam? É como a pessoa dizer que se chama Estramolofifa e que isso significa "sol escaldante" em língua esquimó). E, sim, todo mundo riu do mocinho delicado dizendo que seu nome significa "tigre". Foi um tanto constrangedor.
Nos avaliando, três moças sorridentes, coordenadoras de filiais diferentes. A tarefa era criar um cartaz com desenhos e colagens que nos representassem. Para isso tínhamos 20 minutos. Em seguida, todo mundo tinha que explicar sua "obra de arte."
Primeiro: eu sou uma pessoa caótica. Vinte minutos para me representar numa colagem? Sério? E me estapear com outras 29 pessoas por um estojo de canetinhas definitivamente não estava nos meus planos nesta manhã. Enfim, fiz, aos trancos e barrancos, algo que quase poderia ser considerado compreensível. Mas foi na hora da explicação que eu achei que não sobreviveria.
As apresentações foram em ordem alfabética. Considerando que meu nome começa com P e não havia nenhuma Priscila, Tatiana, Vanessa ou Wilma no recinto, sim, eu fui a última a apresentar. Passei quase uma hora ouvindo gente mostrando cartazinhos e dizendo que "adora música, bichos, crianças, literatura e odeia falsidade." Vinte e nove vezes. Eu contei. Cada um que se levantava era um pedaço da minha paciência que se esvaía. Minha única preocupação era que ela acabasse antes de chegar a minha vez.
As coordenadoras prestavam a maior atenção e anotavam tudo. Não que fosse alguma novidade. Elas esperavam o que, por acaso?
"Meu nome é Mariazinha, tenho 25 anos, gosto de vodca, cigarro e sexo sem compromisso. Odeio acordar cedo. Sou depressiva, bipolar e tenho dificuldades de relacionamento. Também não gosto muito de crianças não, só estou aqui porque tenho uma dívida de jogo imensa e preciso pagá-la antes que meu corpo amanheça boiando no Tietê"

Sinceridade é o futuro do mercado de trabalho.

2 comentários:

Tio Xavier™ 4.5 Plus disse...

Olá, meu nome é Tio Xavier e sou pedófilo. Estou nesta escola com segundas intenções no cargo.

Este cartaz com várias cabeças pela metade representa o que sou capaz de fazer com esses concorrentes para conseguir a vaga.

Obrigado.

Gabriela Martins disse...

Dinâmica de grupo é uma bosta, prontofalei.