quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Todo mundo gosta de fofoca. Falar da vida dos outros é uma maneira de perceber que a vida da gente, no fundo, não é tão ruim. Mas se tem uma coisa que ainda me choca (oi, eu sou inocente) é aquela fofoca maldosa, gratuita, que tem como único objetivo tombar alguém.
Hoje, na sala dos professores, falava-se de uns cursos de reciclagem que a direção estava promovendo aos sábados para os funcionários. A professora de física comentou que tinha ido e achado bem fraco, que nos cursos de exatas eles tiveram que resolver exercícios bem idiotas mas que ainda assim alguns professores não tinham conseguido. Deu o sinal, ela saiu, as outras ficaram. E aí uma delas comentou: "É, as meninas do segundo andar (o Fundamental I) foram nesses cursos mas eu nem me interessei. Só sei que elas voltaram falando que tinha sido difícil...."

Agora eu pergunto: precisava? A própria que estava lá se absteve de apontar as burras da história. O que a outra, que nem sabia do que se tratava, tinha que fazer um comentário desse tipo? E ainda depois que a outra saiu, para poder falar a vontade sem ter quem confirmasse.

Gente assim tem que se foder muito na vida, viu...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Psicologia de c... é r...

O coordenador disciplinar entra na sala da sexta série para dar uma bronca generalizada por conta da bagunça. Ao fim da preleção, lindinha pede para ir ao banheiro. Ele olha o relógio e conclui: "Faltam dez minutos para o fim da aula. Você agüenta."
Assim que coordenador dá as costas lindinha levanta os dois dedos médios na direção dele. Na minha frente.

Algum psicólogo de plantão sugere aos pais outra solução que não envolva quebrar os dentes da lindinha?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Futura humorista

Moleque da quarta série mal humoradíssimo fazendo recuperação na sala da coordenadora. Bufa a cada cinco segundos, olha o horizonte, cutuca o nariz mas fazer a prova que é bom, necas. Auxiliar que acompanhava a cena aponta para ele e comenta, bem alto, na minha direção:
"Aí, ó, e ainda diz que vai para a quinta série..."
"Vou mesmo!" Retruca o malinha. Colega dele, que estava por ali pegando uns livros completa:
"Só se for em 2010, né, porque pra 2009 já não deu..."

Sei lá, mas sinto que a menina tem futuro no humor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Parabéns pra mim, oi!

Tia Paula analisa seus presentes de dia dos professores:
- Sabonetinhos da Natura. (Taí, mães, presentinho barato e que sempre agrada. Nada de anjinhos, velas e cachorros de biscuit, ok?)
- Trufinhas da Cacau Show. (Podiam ser da Kopenhagen, mas a crise, a bolsa, eu entendo...)
- Toalhinhas bordadas. (Sempre úteis e simpáticas)
- Pulseiras de miçangas coloridas confeccionadas pela própria petiz. (Ok, ok, valeu a intenção. Próximo.)
- Porta batom pink, daqueles com espelhinho dentro. (Oi, alguém com menos de 70 anos ainda usa isso?)
- Chaveiro de bonequinha de pano. (Fofinho, mas inadequado para alguém com mais de 10 anos.)
- E o gran finale: uma caneta - relógio - lanterna - mira laser. Quem acha que a mãe pegou escondido do escritório e enfiou num saquinho levanta a mão.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A meia noite levarei sua alma

Teve feira cultural no colégio de novo. Ao contrário do ano passado, dessa vez resolvi fazer a coisa o mais light possível, não me meti a fazer tudo sozinha e larguei as tarefas na mão dos alunos. Vejam bem, eu só pude fazer isso porque meu grupo era composto por uma molecada fofa, inteligente e pró ativa (ai, eu odeio essa palavra, mas serve bem no caso).
Nossa apresentação era sobre a história do cinema. Qual a maneira mais simples de fazer isso? Montamos uma salinha de projeção simulando uma sala de cinema mesmo, com pipoca, bilheteria e pôsteres. O filme em quastão seria um apanhado com cenas de filmes famosos organizada por um dos alunos, um garoto de 12 anos que discute Almodóvar comigo.
Eu moro a cerca de 150 km de distância da escola, e por isso apareço lá uma vez por semana e só. Uma semana antes pedi para ver o filme e ele me disse que ainda não estava pronto. Só consegui vê-lo na véspera da apresentação, e aí descobri que a obra prima começa assim:
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Depois ainda tinha O Exorcista com direito a Regan rodando a cabeça e tudo. Levando em consideração que estamos falando de uma feira cultural de escola, os coleguinhas podem imaginar a apreensão de tia Paula diante do pequeno arroubo artístico do meu aluninho querido. Eu já imaginava hordas de mães indignadas urrando com a direção sobre "a louca da professora de inglês que fica mostrando essas coisas para as crianças".
A poucas horas da apresentação, entretanto, não dava para fazer muita coisa. Passei assim mesmo. E nem foi tão ruim. Vovós acharam exótico, os pais acharam graça e as outras crianças lotaram minha sala para ver o famoso "Zé do Caixão". Foi divertido.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Vovó Zilda

No livro da quinta série tem o desenho de um walkman.


E eu me senti jurássica tendo que explicar para a molecada o que, afinal de contas, é um fita cassete.

Imperialistas feios, bobos, cabeça de melão

Prova do primeiro colegial. O texto, tirado da wikipedia e devidamente "adaptado" por mim (o que significa "colocado num inglês compatível com o de uma criança de seis anos") falava sobre os Astecas.

Pergunta: Quem foi o responsável pelo fim do império asteca?
Respostas: Os americanos.


Preguiça de ler tem limite, viu?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Coisas pequenas que irritam pra caramba

Um dos colégios onde dou aula tem duas turmas na primeira série e duas na terceira. Para não ter que me pagar três horas a mais, a direção decidiu que eu daria aulas para as duas turmas de cada série juntas. Olha que genial!
Só se for pro financeiro da escola. Juntas, as primeiras séries têm 38 alunos. 38 crianças de sete anos que falam e gritam sem parar, não ficam sentadas no lugar e algumas ainda mal sabem ler direito. Para completar, não há sala de aula para 38 petizes, o que me obriga a transportá-las para outro prédio, o da faculdade, onde as salas têm carteiras grandes demais para elas e infra-estrutura zero para uma aula de inglês. Com 50 minutos de aula por semana (dos quais 10 são perdidos entre transporte e tentar fazer a sala se acalmar), qual é a possibilidade de uma aula decente ser dada?
Com as terceiras séries acontece o mesmo. São duas turmas difíceis, indisciplinadas e com crianças com problemas de aprendizagem. Levando em conta que a aula de inglês deveria ser mais dinâmica que as outras, com joguinhos, música e tal, alguém aqui acha que com 40 crianças juntas dá certo? Acabo tendo que dar aquela aula tradicional, com cópia e bronca o tempo todo, coisa que acaba não funcionando. Duvido que aquelas crianças estejam aprendendo alguma coisa.
Acontece que eu já tinha me conformado com o fato de que aluno lá é só mais uma mensalidade, mas hoje descobri que a filha da dona do colégio, que dá aula de Arte, divide as turmas. Todas, até as que não são divididas normalmente, como a segunda e a quarta série. E só eu que me ferre dando uma aula de merda porque o colégio quer economizar 12 horas mensais. Apaputaquepariu, viu?

Obs.: Tem gente que vai dizer que quando era criança estudava em colégio particular e tinha 30 e poucos alunos na sala. Pois bem, leitores, os tempos são outros. O que nós temos agora não são crianças, são mini Katrinas. E quando se juntam, uma Nova Orleans é pouco pra eles.