quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O mito da professora mal comida

O mito da professora mal comida data da Grécia antiga, quando o primeiro aluno levou uma bronca da mestra debaixo de um pé de oliveira e cochichou com o colega do lado: “O marido dessa daí dormiu de túnica essa noite.” Dali para frente a desmoralização da sociedade, a falta de educação dos alunos e o crescente mal humor das professoras levou à consolidação do mito da mal comida, que sofreu variações designatórias ao longo dos tempos. Inciou-se com um “velha recalcada”, passando pelo clássico “marido dormiu de calça” até chegar ao moderno “é falta de (insira aqui vocábulo chulo para o orgão sexual masculino).”

Outras profissões compartilham a fama de mal comidas das docentes, como bibliotecárias, funcionárias públicas e a quase extinta categoria das donas de pensão. Costuma recair sobre as professoras, entretanto, a culpa pelas amarguras da humanidade, visto que é com elas que o cidadão comum passa grande parte do seu tempo até os 17 anos pelo menos. Com isso, o fantasma da mal comida pode perseguir um sujeito pelo resto da vida dele:

“Eu não passei no vestibular porque minha professora de Matemática é uma mal comida.”

“Eu não consegui a promoção porque vou mal em estatística e a culpa é daquela professora mal comida.”

“Eu voto no Lula por causa da mal comida da professora de...”

E por falar no nosso presidente, cer-te-za que ele teve uma mal comida logo na primeira série, tão mal comida, mas tão mal comida, que obrigou o coitadinho a abandonar a escola. Culpa da falta de (insira aqui vocábulo chulo para o orgão sexual masculino) que assola a nação.

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