quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Oi, posso dar meu cartão?

Então eu peguei um ônibus e dois moços falavam inglês atrás de mim. Brasileiros, esforçadinhos, mas se fossem meus alunos estariam, com boa vontade, no Intermediário 1. Vinte minutos de tortura. Um moço falava alguma coisa errada, buscava confirmação do colega que, das duas uma: aceitava como certo ou "corrigia" mais errado ainda. Eu louca de vontade de me meter. E faltou pouco quando ouvi o diálogo que segue:
"Ai tinqui xi is in rouses rer. Você conhece essa expressão?"
"Qual?"
"Rouses rer. Casa dela."
Achei digno.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Tiaaaaaaaaaaaaaa!

Se eu ganhasse um real para cada "Tia, posso fazer de canetinha?" que escuto por dia, já estaria nas Ilhas Gregas a uma hora dessas...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Caro professor de Ciências

Quem vos fala é sua colega de trabalho, Tia Paula. Caso você não se recorde, sou a moça magrinha com cara de louca que aparece na porta da 6a B as 11:30 da manhã toda quarta-feira.
Professor, eu sei que a sua aula dura apenas 50 minutos e você tem um extenso programa para cumprir, não podendo, portanto, dar aos seus (nossos) alunos o luxo de sair para beber água ou ir ao banheiro. Mas, veja bem, professor: a minha aula é a última do dia, logo depois da sua. Se o senhor insistir em manter o regime anti-xixi, perderei meus parcos 50 minutos (e, entenda, meu programa também precisa ser cumprido) tendo que escolher entre:
1 - Como você, proibir terminantemente as saídas e ouvir choramingos ininterruptos de pré-adolescentes apertados, com sede ou recém-menstruadas;
2 - Decidir quem está mais necessitado (baseada apenas nas expressões de desespero) e realizar um sorteio que permitirá que apenas cinco alunos sejam contemplados com com uma saída cada;
3 - Desistir da aula e ficar na porta simplesmente controlando a devolução dos crachás do banheiro ou;
4 - Sugerir que os alunos tragam garrafas d'água, fraldas e absorventes gigantes.
Como você pode observar, minha situação não é das mais confortáveis. Conto com sua colaboração para tornar a última aula da quarta-feira o menos traumática possível para todos.

Obrigada,

Tia Paula

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Mais crônicas da FFLCH

E tinha o Vilaça. O Vilaça deve ter sido o melhor professor de Literatura Brasileira que eu tive na faculdade, e olha que eu nunca gostei de Literatura. Justificava minhas notas medianas com um “eu sou da Lingüística, poxa” e ia levando. Mas eu amava o Vilaça.
O Vilaça fumava muito. Muito mesmo. Praticamente um maço de Holywood por aula, ou seja, em pouco mais de uma hora e meia. Ia falando sobre Machado de Assis e fumando um cigarro atrás do outro, deixando as bitucas em um cinzeiro desses de areia, que há em prédios comerciais, que ficava em cima da mesa dele. Sim, o Vilaça enchia um cinzeiro de areia em cerca de uma hora e quarenta, mas visto que ele dava aula em uma sala tipo auditório, não muito cheia e com várias janelas e ele era mesmo muito gente boa, ninguém nunca se animou a protestar. O povo se conformava em não sentar muito perto dele (ainda bem que, apesar do cigarro, a garganta do velho era boa e ele falava alto).
Um dia um cheiro estranho começou a vir do fundo da sala. Olhamos para trás e um tipinho clichê da FFLCH, a hippie, tinha acendido um incenso no meio do pessoal. Entre espirros, palavrões e gente mudando de lugar, eis que a garota se levanta e grita, apontando para o professor: “Qual é? Se ele pode eu também posso!”.
Claro que não foi possível argumentar. Mas naquele dia um buraco se formou na classe e todo mundo resolveu sentar na frente. E alguém aqui acha que o Vilaça parou de fumar na sala?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Pós carnaval

Pequenininha do primeiro ano olha para mim e diz:
"Tia, você fala que nem homem!"

Será que eu estou rouca?
Tia Paula agora é sindicalizada. Vai pagar uma taxa mensal por benefícios que incluem um plano de saúde que custa o mesmo do que eu já tenho e uma colônia de férias numa praia brega na qual minha família tem um apartamento e, oi, há anos eu não apareço lá.

Por que foi que eu fiz isso mesmo?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O que professores e prostitutas têm em comum?

Trabalham em horários estranhos, recebem por hora e todo fim de ano juram que vão largar essa vida.