sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Da série: Só podia acontecer comigo

Essa aconteceu em 2002, quando eu dava aulas num curso de inglês lá na Vila Mariana. Uma das professoras que trabalhava comigo me ofereceu um aluno particular que ela queria deixar. Alegou que era um garoto de dez anos, que ela não tinha mais paciência para dar aula pra criança, etc e tal. O valor da hora-aula era bom, era perto de casa, topei.
A esquisitice começou no primeiro telefonema de contato com a mãe do garoto. Antes de decidir se me contratava ou não, ela perguntou se eu era magra, e explicou que o filho dela não gostava de professoras gordas. “Adorei” a idéia de dar aulas para um moleque tão mimado que se achava no direito de escolher suas professoras por tamanho, mas como eu me encontrava dentro da faixa de peso aceita pelo fofinho e precisava do dinheiro extra, decidi ir em frente.
O endereço já era bem insólito. Um casarão cinza ao lado de um viaduto, numa avenida movimentadíssima perto de uma estação de metrô. Totalmente fora de contexto. Entrei pela garagem, onde havia várias máquinas de lavar industriais e muitas moças, andando de um lado para o outro, carregando lençóis, cortinas e coisas do gênero. Por dentro era tão estranho quanto por fora. A casa era imensa, escura, com móveis pesados espalhados aleatoriamente. A mãe era uma mulher obesa, de uns quarenta anos, cabelos grisalhos e desgrenhados e uma voz muito grave, que ela usava para dar ordens o tempo todo às moças que circulavam por lá.
Logo descobri que eu não era paga para dar aula de inglês ao menino, e sim para pajeá-lo. Eu ajudava na lição de casa, inventava jogos, ficava controlando o computador. Não era tão ruim, apesar da bagunça da casa (nós ficávamos na sala de jantar) e da chatice do moleque que era, como o esperado, um pequeno déspota.
Um dia, fim de mês, fui até o escritório da mãe no fim da aula para receber o pagamento. Como a porta estava aberta, fui entrando. Ela estava no telefone, e fez sinal para que eu entrasse e sentasse. Continuou falando, no mesmo tom alto de sempre, sem a menor cerimônia. E foi realmente como se eu não estivesse lá que a mulher soltou a pérola:
_ Eu já sei, já sei. Vou me livrar dessa menina o mais rápido possível. Ela só dá dor de cabeça, beija os clientes na boca, fica perseguindo os caras...
Entenderam, né criançada? Tia Paula estava dando aulas literalmente para um filho da puta!

7 comentários:

Unknown disse...

Pelo menos o quarto do bordel devia ter higiene já que tinha um monte de máquina de lavar....

Mary Poppins de TPM disse...

O lado bom para o menino eh que sendo literalmente o filho da puta elimina 50% do bullying escolar, perde a graca xingar de FDP o proprio!

Red disse...

Me dá o endereço desse moleque AGORA!

Red disse...

Só acrescentando: eu preciso dar um murro na cara dele. E tem que ser AGORA!

Ju disse...

Fuinha realmente é engraçado! Me lembra das fuinhas de Uma cilada para Roger Rabbit. Adorei seu blog, visitarei diversas vezes, mesmo que tenham esses filhos da puta no meio!

Anônimo disse...

hahahahahahahaha
mtoooooooooo bom!

Gabriela Martins disse...

Putz, excelente essa! Só qye tive que ouvir a explicação no final da piada, pq não tinha entendido.