quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Da série: "Toda classe tem um"

O Gordinho Mala

Não se trata de preconceito com os mais roliços. É apenas um fato. Desde as primeiras séries do ensino fundamental, o gordinho mala-sem-alça estará lá, sorriso abobado, mancha indefinida na camiseta, ar permanente de quem está prestes a soltar um pum. Todos odeiam o gordinho chato, não por ele ser gordinho, mas porque tudo que ele faz parece ter como único objetivo irritar alguém. Ele cutuca todo mundo. Fala sozinho. Conta piadas sem graça. Puxa o cabelo das meninas. Nunca tem borracha nem lápis e, quando o tem, usa para enfiar no nariz e com ele ameaçar quem está por perto de levar um “catotada”. O gordinho mala é, além de tudo, pouco higiênico.
A professora também é vítima, obviamente. O gordinho adora grudar na mesa dela. Pede para ir ao banheiro a cada dez minutos (e sempre com aquela irritante cara de choro) e, se a incauta negar, receberá no dia seguinte um bilhete furioso da mãe (que invariavelmente se parece com a Miss Piggy) do garoto. Porque além de chato, ele aparentemente tem problemas intestinais. E ainda, salvo raras exceções, o gordinho chato sempre fica de recuperação.
Nem todo gordinho é chato, devo acrescentar aqui. Nem todo chato é gordinho, tampouco. Mas as duas características juntas formam uma classe de chatos para a qual ainda não se encontrou uma solução satisfatória. Apanhar dos mais velhos, ser rejeitado pelas meninas, ser execrado pelos professores. Nada disso impede o pequeno roliço de continuar infernizando os outros. Algo me diz que eles se divertem com nosso sofrimento e nossa cara de asco cada vez que eles fazem alguma coisa desagradável. No fundo os gordinhos malas são é sádicos.

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