quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Já não se fazem mais mães como antigamente

Adolescentes rebeldes em casa? Filha de 12 anos fazendo pegação no banheiro da escola? Moleque de 13 tomando vinho chapinha com os amigos góticos na praça? Seus problemas acabaram! Adquira hoje mesmo o revolucionário “A arte do terrorismo educacional - Como transformar seus filhos adolescentes em adultos física, sexual e psicologicamente saudáveis” , por dona Neide, minha mãe.
Dona Neide possui 28 anos de experiência na arte de traumatizar filhos – tudo, é claro, para o bem deles. Aos 56 anos, dona Neide educou, utilizando seu método, duas filhas das quais qualquer mãe pode se orgulhar – saudáveis, ajustadas e, o mais importante, que passaram pela adolescência sem engravidar, ter uma overdose ou ficar com fama de galinha no colégio. E, ainda por cima, comem vegetais, escovam os dentes quatro vezes por dia e não, não odeiam sua mãe. Eis algumas dicas de nossa guru da educação:
1. Leve sua filha incauta de 12 anos que acabou de menstruar pela primeira vez até a janela de um apartamento no 13o andar e diga: “De agora em diante, duas coisas que você fizer nessa vida serão equivalentes a se jogar dessa janela: se meter com drogas e engravidar”.
2. Ameace levar os filhos ao hospital para ver as crianças doentes “porque não comeram direito” cada vez que elas fizerem cara feia diante de um prato de escarola. Vídeos sobre a fome na África também podem ser utilizados.
3. Cole reportagens sobre drogas e gravidez na adolescência na porta do armário das meninas e grave todos os “Globo Repórter” sobre os mesmos assuntos.
4. Não perca uma oportunidade de dizer para suas as amigas, na frente dos filhos, o quanto suas crianças são ajuizadas e conscientes dos “perigos do mundo”.
5. Tenha sempre na ponta da língua uma história horrível de crianças que “não escutaram suas mães e acabaram num terreno baldio dentro de um saco de lixo preto”.
6. Mostre todo seu conhecimento sobre DSTs durante a festa de aniversário de seus queridinhos (quanto mais amigos presentes, melhor).
7. Toda vez que a filha do vizinho passar de saia curta, comente: “essa daí já está com a maior fama de biscate no prédio. Não dou um ano pra ficar grávida”.
8. Se sua filha adolescente passar meia hora do toque de recolher, vá buscá-la na festa de roupão, chinelos e expressão de sofrimento. Se tiver bobs para colocar no cabelo, melhor.
Ligue agora e compre “A arte do terrorismo educacional - Como transformar seus filhos adolescentes em adultos física, sexual e psicologicamente saudáveis” e tenha acesso ao método que está transformando a vida familiar no mundo! Dê fim às noites mal dormidas e aos comentários maldosos da vizinhança!

6 comentários:

Red disse...

Meu pai, sr. General, ia às festas de pijama, roupão, aquela cara de "vou encher a cara de vocês de porrada", e eu que ousasse atrasar cinco reles minutos.

Por que pais fazem isso? Por que??

Jhon Jhon disse...

PAULA..SEEU NÃO CONHECESE A NEIDOCA DIRIA Q V TA BRINCANDO !
MAS AINDA HJ, NOS CHURRAS DA CHÁCARA, ELA AINDA FAZ TERRORISMO C VCS DUAS ...

AMO MTO ESSA FAMILIA !

SAUDADES

BJOS

JOÃO JR

Rodrigo Souza disse...

Quando vão filmar isso?

Rodrigo Souza disse...

Lembrei dessa aqui:

Quando não queria comer alguma coisa vegetal/leguminosa, seu Valdir (meu pai) tascava logo uma pérola da cultura educacional militar. "Quero ver se estiver na guerra e só tiver jiló para comer".

Quando o livro for editado, pode colocar essa notinha no rodapé? Ficaria muito grato.

Tia Paula disse...

Referências à guerra também rolavam lá em casa. Tinham a ver com meus avós maternos na Itália e eram de uma escatologia que tenho vergonha de reproduzir. Sério.

Unknown disse...

Amei, amei, amei!! Você escreve muito bem, paulinha....de um jeito muito gostoso q dá vontade de ficar lendo e lendo...beijocas e até amanhã na "super-reunião-do-conselho"..rs