domingo, 6 de maio de 2007

Tia Paula vai à ERVA

Erva é o nome do evento. Seria sugestivo, não fosse a situação. Não me perguntem o que significa tão infeliz sigla, visto que o mesmo não foi esclarecido na palestra. Nós, funcionários exemplares e dedicados, já deveríamos saber há muito tempo. A verdade é que, apesar do nome, não aconteceu nada de muito divertido, só a mesma lenga-lenga motivacional e uma coleção de clichês que me fez sentir muita vergonha alheia, coisa freqüente nas reuniões do colégio.
Começou com um café da manhã que pretendia integrar os funcionários dos diversos setores. Não funcionou, pois é natural do ser humano não se integrar a menos que seja obrigado a isso. Por todo lado só se viam grupinhos de pessoas que já se conheciam.
Em seguida veio a palestra: lema do grupo (“Melhor que ontem, pior que amanhã”) em grandes letras vermelhas no telão. Pode ser implicância minha, mas um lema que contém a palavra “pior” não me parece muito bom. Voz misteriosa pede a todos que fiquem de pé para cantar o hino nacional, e enquanto o mesmo toca, rolam no telão imagens de bebês, paisagens, atletas comemorando a vitória. Quando o hino acaba, vejo todos com cara de “será que alguém vai bater palmas?” Ninguém bate. Entra um vídeo a la Filtro Solar sobre atitude, com cenas de pessoas felizes e Dreams, do Cramberries, tocando no fundo (“All my life/ is changing everyday/in every possible way) . Um dos sócios do colégio sobe ao palco e desenrola um novelo de frases feitas que começa com um “convite à reflexão” e termina com um sensacional “vamos dar uma imensa salva de palmas a todos nós”. Eu preferia estar fazendo um exame de papanicolau. Para completar, no telão, vemos um trecho de um filme que imagino ser “1492 - A conquista do paraíso”, no qual o Gerard Depardieu tenta instalar um sino com a ajuda de uns índios, uns padres e uns bois. O outro sócio sobe ao palco e declara: “Nosso sonho é, com a ajuda de vocês, colocar o sino lá no alto!”. Aplausos efusivos. Vergonha alheia atingindo níveis nunca vistos.
Quase esqueci: entre uma coisa e outra teve “teatrinho corporativo” para explicar o novo sistema de atendimento telefônico do colégio e divulgar os cursos de informática básica para os funcionários. Maior quantidade de risos amarelos por metro quadrado já presenciada naquele auditório.
Salva pelo meu outro trabalho, fui embora na hora do coffee-break. Constava no programa que depois haveria dinâmica de grupo. No fundo senti não poder ficar – tenho certeza que daria outro post. Muito mais engraçado que esse.

Um comentário:

Unknown disse...

É frustrante quando a plateia não aplaude após a execução do hino nacional.
São esses pequenos momentos que dão sentido à vida.